O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), teve que abrir mão de ir ao lançamento da candidatura à Presidência de seu antecessor, Eduardo Campos (PSB-PE), nesta segunda-feira (14), em Brasília, para fazer as honras para a presidente Dilma Rousseff, que visitará o Estado nordestino no mesmo dia.

Lyra, que já estava com passagens compradas, segundo a Folha apurou, se viu obrigado a não acompanhar a caravana de ex-secretários e deputados estaduais pessebistas que vai à capital federal.

Apesar de ter prometido na posse de fazer um "governo da continuidade", Lyra já destacou, como governador, as parcerias de Pernambuco com o governo federal, o que sugere uma reaproximação do Estado com Dilma.

Desde que rompeu com o governo federal, Campos tem feito o contrário: tenta em seus discursos mostrar que os méritos de Pernambuco são frutos de sua gestão e não da parceria com a União.

Depois de um ano de sua última visita, Dilma volta a Pernambuco na manhã de segunda-feira para lançar ao mar o terceiro navio produzido pelo EAS (Estaleiro Atlântico Sul), no complexo industrial e portuário de Suape. À tarde inaugura um trecho de uma adutora em Serra Talhada, no sertão, assina ordem de serviço e lança edital para outras obras.

A visita da presidente, que se resumiria ao ato em Suape pela manhã, chegou a ser reprogramada para a quarta-feira (16). Mas, segundo líderes petistas ouvidos pela Folha, a agenda foi mantida e ampliada para dividir a atenção da mídia com o evento de Campos, que, à tarde, deve oficializar sua candidatura à Presidência e finalmente anunciar a ex-senadora Marina Silva como vice da chapa.

A Suape, a última visita de Dilma foi há quatro anos, quando era ex-ministra da Casa Civil e pré-candidata à Presidência. Ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, ela participou do lançamento do primeiro navio produzido no estaleiro pernambucano, o João Cândido. O navio, no entanto, só foi entregue à Transpetro, subsidiária da Petrobras no setor de logística, dois anos depois.

O Dragão do Mar é o terceiro dos 22 navios encomendados pela Transpetro ao EAS em 2007. A segunda embarcação, Zumbi dos Palmares, foi entregue em novembro de 2012, também com dois anos de atraso.

FARPAS COM CAMPOS

Em março do ano passado, a presidente esteve em Pernambuco para entregar o primeiro trecho da adutora do Pajeú, em Serra Talhada. Na ocasião, ela e Campos iniciaram uma troca de farpas.

Agora, Dilma inaugura a primeira etapa e assina a ordem de serviço da segunda da Adutora do Pajeú e lança o edital do Ramal do Agreste, que levará água da transposição do rio São Francisco à Adutora do Agreste, obra estadual.

O Ramal do Agreste também estava sendo construído pelo governo de Pernambuco, mas o Ministério da Integração assumiu a obra em agosto do ano passado, quando ainda era comandado por Fernando Bezerra (PSB). A Adutora do Pajeú também é feita pelo governo federal.

Bezerra, que há um ano se via obrigado a defender tanto Dilma quanto Campos no ato em Pernambuco, não acompanhará esta visita da presidente. Ministro até outubro do ano passado, quando o PSB entregou os cargos que ocupava no governo federal, Bezerra hoje é pré-candidato ao Senado e vai prestigiar Campos em Brasília.