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    Dilma reage ao que considera 'campanha negativa' contra Petrobras

    ANDRÉ UZÊDA
    ENVIADO ESPECIAL A IPOJUCA (PE)

    14/04/2014 16h10

    A presidente Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira (14) a defesa mais incisiva da Petrobras desde o início da onda de denúncias envolvendo a empresa, há cerca de um mês.

    Aproveitando discurso durante cerimônia de inauguração de navios petroleiros no porto de Suape (PE), Dilma afirmou que "não ouvirá calada" a "campanha negativa por proveito político" que disse existir contra a Petrobras.

    Afirmando ser um "momento apropriado para dirigir algumas palavras à Petrobras", disse que "nada nem ninguém" destruirá a empresa e que irá apurar "com o máximo de rigor" eventuais crimes envolvendo a estatal.

    "Não transigirei em combater todo tipo de malfeito, ação criminosa, tráfico de influência, corrupção ou ilícito de qualquer espécie [...]. Mas, igualmente, não ouvirei calada a campanha negativa dos que, por proveito político, não hesitam em ferir a imagem desta empresa que o nosso povo construiu com tanto suor e lágrimas", disse Dilma.

    Dando o tom do que deverá ser seu discurso sobre a Petrobras na campanha eleitoral, Dilma procurou associar a empresa à identidade nacional e retomou críticas sobre a gestão da empresa nos governos do PSDB (1995-2002).

    "Nada, nem ninguém, vai conseguir destruir [a Petrobras]", afirmou. "Com o apoio de todas as pessoas, a Petrobras resistiu bravamente às tentativas de desvirtuá-la, reduzi-la e privatizá-la."

    Sem citar diretamente as denúncias envolvendo a empresa, Dilma sugeriu, ao citar as expressões "ações individuais e pontuais", que as atuais suspeitas de irregularidades que recaem sobre a Petrobras são fatos isolados.

    A presidente afirmou que órgãos de controle, Judiciário, Polícia Federal e Ministério Público estão atentos "para realizar a fiscalização e os controles externos". "Não podemos permitir [...] que se utilizem ações individuais e pontuais, mesmo que graves, para tentar destruir a imagem de nossa maior empresa, a nossa empresa-mãe", disse.

    Em vários momentos do discurso, Dilma fez comparações entre a atual gestão da estatal e a do governo Fernando Henrique Cardoso. Citou investimentos e lembrou a tentativa, em 2000, de alterar o nome da empresa para Petrobrax, ação comumente citada pelo PT para criticar o PSDB.

    "Lá no início, chegaram dizer que não, nós não tínhamos petróleo [...]. Ironicamente, anos depois, diziam que havia petróleo demais, riqueza demais e que, por isso, toda essa riqueza não podia ficar nas mãos de uma empresa pública [...]. De forma muito sorrateira, prepararam todo um processo que, se não interrompido, acabaria por conduzi-la fatalmente a mãos privadas. De tão requintado esse processo, chegou a fazer parte desse processo até a troca do nome, que seria Petrobrax, sonegando à Petrobras a sílaba que é a nossa identidade e a nossa nacionalidade. Bras, de Brasil", disse Dilma.

    Na época, a alteração foi cogitada como forma de ampliar a inserção internacional da Petrobras. Diante da repercussão negativa, FHC acabou vetando a mudança.

    Em seu discurso, Dilma também rebateu afirmações de que a Petrobras teria perdido valor de mercado durante as gestões do PT. Segundo a presidente, a estatal teria passado de R$ 15,5 bilhões em 2003, no início do governo Lula, para R$ 98 bilhões atualmente.

    Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR
    Presidenta Dilma Rousseff posa ao lado da presidente da Petrobras, Graça Foster, durante batismo do navio Henrique Dias, em Ipojuca (PE)
    Presidenta Dilma Rousseff posa ao lado da presidente da Petrobras, Graça Foster (à esq.), durante batismo do navio Henrique Dias, em Ipojuca (PE)

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