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    'Não sou laranja', diz sócio de laboratório investigado pela PF

    LUCAS SAMPAIO
    ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA (SP)

    14/04/2014 19h50

    Empresa suspeita de ser usada pelo doleiro Alberto Youssef para lavagem de dinheiro no exterior, segundo investigação da Polícia Federal, a Labogen não está produzindo os insumos farmacêuticos que afirma estar apta a produzir.

    A Folha esteve nesta segunda-feira (14) na sede da empresa, em Indaiatuba (a 98 km de SP), e encontrou uma série de equipamentos desligados, com aparência de nunca terem sido usados.

    Leonardo Meirelles, um dos sócios da empresa, afirma que o laboratório não está em operação porque passou por manutenção recente. "Mas vamos voltar a produzir normalmente. Os equipamentos estão todos funcionando", disse.

    Lucas Sampaio/Folhapress
    Instalações do laboratório Labogen, em Indaiatuba (SP)
    Instalações do laboratório Labogen, em Indaiatuba (SP)

    Meirelles e Youssef foram presos em 17 de março na Operação Lava Jato da Polícia Federal. De acordo com laudo da PF, a Labogen foi usada pelo doleiro para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões ao exterior. Meirelles nega.

    O laboratório conseguiu financiamento do governo federal no fim de 2013 para produzir um tipo de medicamento, o citrato de sildenafila. A PF suspeita que a empresa seja de fachada e tenha sido usada para pagar propina.

    Meirelles nega participar de esquema do doleiro e diz que a empresa não é de fachada, embora admita conhecer Youssef e ter recorrido a ele para um empréstimo ainda não quitado de R$ 3 milhões. "Não sou laranja do Youssef."

    Reportagem da revista "Veja" desta semana afirma que Meirelles é laranja de Youssef e que a Labogen é uma empresa de fachada que foi usada para maquiar operações de câmbio de Youssef. De acordo com a revista, o laboratório faturou R$ 79 milhões entre agosto e novembro de 2010, mas sem ter fabricado nenhum medicamento.

    Meirelles afirma que uma prova de que a Labogen não é empresa de fachada é o fato de pagar mensalmente R$ 100 mil por ter aderido ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

    "Se a empresa fosse de fachada ou não existisse, não estaria pagando impostos", diz Meirelles. "Temos 24 funcionários e estamos aptos para produzir insumos para a indústria farmacêutica."

    Quando a reportagem esteve na Labogen, apenas oito funcionários estavam na sede da empresa, no distrito industrial de Indaiatuba.

    Segundo relatos de vizinhos que não quiseram se identificar, a movimentação na empresa era normal até a operação da PF. Após o ocorrido, o movimento caiu e só voltou ao normal no último dia 10.

    Meirelles foi solto após três semanas, mediante pagamento de fiança. Youssef continua preso. A PF também prendeu um sócio de Meirelles, Esdra Ferreira, que já foi solto. Ele não estava na sede da empresa nesta segunda.

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