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    Deputado cresceu fazendo 'militância de governo'

    DE SÃO PAULO

    16/04/2014 03h15

    André Vargas não foi sindicalista, não militou contra a ditadura, não teve envolvimento com o movimento estudantil e não atuou em comunidade católica de base.

    Seu currículo na internet o descreve com os jargões típicos dos movimentos sociais da órbita petista, como "atuação junto à comunidade" e "luta pelos mais pobres". Mas a única experiência é de colaboração com uma entidade assistencial de caridade.

    Técnico em administração, ele é filiado ao PT de Londrina (PR) desde 1990. Foi vereador, quando o PT tinha a prefeitura, e deputado estadual.

    Sua ascensão no partido foi por outras vias: disciplina e alinhamento com a ala dominante, votação crescente, bons relacionamentos e boa capacidade de arrecadação.

    Em 2010, na sua reeleição para federal, ele obteve R$ 1,4 milhão, a segunda maior arrecadação petista no Estado, atrás só de Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu.

    "Vargas é um operador político que se profissionalizou sem ter tido formação ideológica; faz um tipo de militância que é a cara do PT atual, uma militância de governo", define Lincoln Secco, pesquisador da história do partido.

    "Isso ajuda a explicar como foi fácil tirá-lo de cena. Ele não tinha base para resistir."

    No Paraná, Vargas é tido como membro da chamada República de Londrina. Os expoentes do grupo são a senadora Gleisi Hoffmann (PT), pré-candidata a governadora, e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). Também fazem parte o presidente da Anatel, João Rezende, e a secretária de Política Social, Márcia Lopes.

    Há vários sinais do prestígio de Vargas no PT. Além da indicação para a vice da Câmara, ele fora escolhido relator da medida provisória do Minha Casa Minha Vida. E já estava escalado para coordenar a campanha de Gleisi.

    Uma de suas "especialidades" era enfurecer os grupos mais à esquerda do partido.

    Em 2008, foi articulador de rara aliança do PT com o DEM para a Prefeitura de Apucarana (PR). Depois, voltou a irritar ao propor batizar uma rodovia com o nome do empreiteiro Cecílio do Rego Almeida, inimigo histórico do MST. O homenageado, morto em 2008 é considerado "o maior grileiro do mundo".

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