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    Doleiro investigado na operação Lava Jato foi citado no inquérito da Siemens

    DE SÃO PAULO

    16/04/2014 17h32

    O doleiro Raul Henrique Srour, investigado na operação Lava Jato da Polícia Federal, também foi citado no inquérito que apura se a multinacional alemã Siemens e outras empresas pagaram propinas a políticos e agentes públicos em troca de vantagens em licitações de trens.

    Em depoimento no inquérito sobre a Siemens em novembro, Mark William Gough, vice-chefe de "compliance" da Siemens na Alemanha, disse que a empresa de Srour, a Cristal Financial Services, recebeu repasses originados de uma conta secreta em Luxemburgo que teria sido controlada pelo ex-presidente da Siemens no Brasil Adilson Primo.

    Gough contou à Polícia Federal que uma investigação feita em Luxemburgo descobriu que a empresa Limanda, sediada no Panamá, recebeu valores da conta em Luxemburgo e fez repasses para a Cristal, que tem registro nas Ilhas Virgens Britânicas, mas não especificou o montante que teria sido transferido.

    A Siemens acusa Primo de ter usado a conta em Luxemburgo para pagar propina no Brasil e fazer remessas para doleiros.

    Essa conta recebeu cerca de US$ 7 milhões (R$ 16,7 milhões hoje), que teriam sido desviados da Siemens, ainda segundo a empresa.

    Primo foi demitido da Siemens em 2011 sob acusação de ter escondido da direção da empresa na Alemanha a existência dessa conta. Ainda de acordo com a Siemens, os cerca de US$ 7 milhões foram desviados da empresa. Ele era o titular da conta junto com outros três executivos da Siemens brasileira.

    Apesar da acusação, a Siemens nunca tomou providências para reaver os valores.

    A descoberta das operações na Suíça foi resultado da cooperação entre as autoridades daquele país com a polícia de Luxemburgo.

    Os recursos enviados aos doleiros podem ter sido usados pelo próprio Primo no Brasil ou para pagar propina.

    Em resposta às afirmações de Gough, em dezembro, o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Primo, disse que a acusação da Siemens é uma cortina de fumaça para esconder o fato de que a conta foi aberta por ordem da matriz na Alemanha para fazer pagamentos ilícitos. "A Siemens fazia isso no mundo todo".

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