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    'Desde que assumi contas do PT, nunca fui à Petrobras', diz Vaccari Neto

    MARINA DIAS
    ANDRÉIA SADI
    DE SÃO PAULO

    20/04/2014 03h29

    Responsável pela contas do PT desde 2010, João Vaccari Neto é conhecido dentro e fora do partido pela discrição. Diz que "tesoureiro famoso não dá certo", afirma que não frequenta empresas públicas para evitar "confusão" e nega qualquer relação entre o partido e a Petrobras. Confira partes da entrevista.

    *

    Folha - Desde 2005, quando estourou o mensalão, a tesouraria do PT é área delicada. O que mudou?
    Propus mandato de pouca publicidade. Os problemas que tínhamos eram gigantescos. Tesoureiro famoso não dá certo, tem que atuar com discrição e firmeza.

    Delúbio errou?
    Nunca fizemos qualquer avaliação do ponto de vista da gestão do Delúbio. Acho que ele fez um mandato à luz do seu tempo.

    O senhor é procurado por muitos empresários?
    Queria que tivesse fila [de empresários], mas não tem. O relacionamento com o empresário é político, para convencê-lo a fazer doações. Ninguém faz fila para doar dinheiro; tem fila de credor [risos].

    Em 2014, o cenário é diferente do de 2010. A Petrobras está no meio de uma crise, e há outros fatores. Será mais difícil arrecadar?
    Isso é difícil de falar. O ambiente é mais tenso, mas há também uma diferença entre o que se diz e o que, de fato, acontece. Tudo isso gera um conflito e uma desconfiança que dificulta o trabalho de todo mundo, não só o meu.

    Deputados dizem que o senhor tinha influência sobre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
    Nunca tive relação com ele. Eu o conheço de atividades políticas, mas nunca tive contato. Não frequento órgãos públicos ou empresas estatais porque já sei o tamanho da confusão que isso é.

    É um trauma de 2005? Delúbio frequentava o Banco do Brasil...
    Não é trauma, só acho que um tesoureiro frequentar empresas públicas passa uma ideia muito ruim, até porque as empresas estatais não contribuem [com o partido].

    Parlamentares da base falam, nos bastidores, de um suposto esquema de caixa dois do PT na Petrobras. O senhor sabe disso?
    O PT não tem relação com a Petrobras. Nenhuma. Aliás, nunca fui à sede da Petrobras desde que estou como secretário de Finanças do partido. Nunca fui lá por quê? Vai ficar registrado, e depois tem qualquer coisa e estou lá na foto. Nós temos tido um raio de ação muito firme. As contribuições têm que ser oficiais, ponto. Não aceitamos fonte vedada. A gente faz triagem, verifica se pode aceitar, de quem veio, senão, não doa. Somos muito rígidos, talvez seja fruto das experiências.

    Sérgio Lima/Folhapress
    O tesoureiro do PT, Vaccari Neto, durante audiência, no DF
    O tesoureiro do PT, Vaccari Neto, durante audiência, no DF

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