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    Oposição tentará ouvir o ex-presidente da Petrobras

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    22/04/2014 17h03

    Após as declarações do ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli de que a presidente Dilma Rousseff deveria assumir suas responsabilidades sobre a negociação envolvendo a refinaria de Pasadena (EUA), a oposição na Câmara tentará ouvi-lo para que ele dê novas explicações sobre o caso.

    O líder do Democratas na Casa, Mendonça Filho (PE), protocolou hoje dois requerimentos de convite para Gabrielli: um para a comissão de Fiscalização Financeira e Controle e outro para a de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.

    O objetivo é que o ex-presidente explique a chamada "guerra de versões" entre o que afirmou o Executivo e o que dizem ex-diretores da estatal. Em entrevista ao "Estado de S. Paulo", Gabrielli afirmou que Dilma "não pode fugir da responsabilidade" sobre o caso Pasadena. Para o deputado, o ex-presidente precisa esclarecer "eventuais mal-entendidos" entre a versão apresentada pelo governo e a defendida por integrantes da Petrobras.

    Quando veio à tona a informação de que a presidente havia aprovado a compra da refinaria quando fazia parte do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma disse que aquisição foi feita com base em um documento "técnica e juridicamente falho".

    Já o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) afirma que ainda não se sabe qual é a parcela de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff na compra da refinaria. "Qual é a parte que ela tem que assumir a responsabilidade? Ele [Grabrielli] precisa explicar isso", disse.

    Os dois requerimentos serão votados pelas comissões amanhã. No entanto, a oposição já prepara uma estratégia para o caso de derrota. Se foram rejeitados, um novo convite poderá ser proposto pela comissão externa da Câmara que investiga a relação da SBM Offshore com a Petrobras.

    Na manhã de hoje, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que Dilma e os demais membros do Conselho de Administração da Petrobras, já assumiram suas responsabilidades "nos termos do resumo executivo que foi apresentado pelo diretor internacional da empresa".

    COMISSÃO EXTERNA

    Na reunião de hoje da comissão externa, o colegiado aprovou o envio de um ofício para o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo caso que investiga as relações do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.

    O objetivo é obter autorização para ouvir Costa dentro do presídio. De acordo com a legislação, ele não pode ser liberado para uma audiência na Câmara. Os deputados esperam ouvir Costa na semana que vem.

    A comissão também aprovou um convite para que Renato Cabral, presidente da Astromarítima, preste esclarecimentos sobre as denúncias de propina em seis contratos com a Petrobras no ano passado para serviços de fretamento de embarcações no valor de, aproximadamente, R$ 490 milhões. A informação foi revelada pelo programa "Fantástico" no início da semana.

    De acordo com reportagem, Paulo Roberto diz, em anotações feitas por ele, que a comissão que ele receberia da Astromarítima seria de 5% do valor bruto até o limite de R$ 110 milhões mais 50% sobre o montante que passasse desse valor. "Ninguém pode ganhar 50% de comissão. Isso não existe', afirmou Francischini ao final da reunião de hoje.

    O colegiado também aprovou um pedido para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) indique se houve movimentação atípica nas contas do empresário Julio Faerman, apontado por um ex-funcionário da empresa holandesa SBM Offshore de ser o principal lobista responsável por intermediar pagamentos de, pelo menos, US$30 milhões a funcionários da Petrobras. A comissão quer ainda que o COAF faça a mesma indicação referente às sete empresas de sua propriedade.

    O colegiado se reúne na tarde de hoje com o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, e com o presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes. "Vamos pedir para que os órgãos nos entreguem os documentos que eles já têm sobre o caso", afirmou Francischini.

    Editoria de Arte/Folhapress
    DA LAVANDERIA À PETROBRAS
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