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    Relator dá parecer favorável para investigar André Vargas na Câmara

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    22/04/2014 17h22

    O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo contra o deputado licenciado André Vargas (PT-PR), apresentou hoje o parecer favorável para que o Conselho de Ética da Câmara investigue as relações do petista com o doleiro preso Alberto Youssef.

    No entanto, o colegiado não pode votar o parecer hoje porque o deputado Zé Geraldo (PT-PA) pediu vista do processo, o que na prática, suspende a análise até a próxima reunião, que será realizada no dia 29 de abril. O relatório preliminar é o primeiro passo para que o colegiado inicie as investigações para decidir se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Vargas.

    Apesar de ter dito durante a reunião que a interrupção do processo não estava sendo feita a pedido do partido, Zé Geraldo chegou a admitir que fez o pedido de vista para dar mais tempo para Vargas pensar sobre uma possível renúncia ao mandato ou, até mesmo, para preparar sua defesa no colegiado.

    Para Delgado, o adiamento da votação "está estendendo a sangria". "A tática do pedido de vista já é conhecida por todos nós para protelar o processo", disse. Para ele, a estratégia dos aliados de Vargas fará com o caso possa não ser concluído antes do recesso parlamentar, em julho.

    "Pode sim passar do período da Copa [do Mundo] e até do recesso. Se isso acontecer, o processo poderá ser analisado pelo plenário na véspera das eleições", disse Delgado. Se o processo pela quebra de decoro parlamentar for aprovada pelo Conselho de Ética, a decisão será encaminhada para análise, em plenário, de todos os deputados da Casa.

    Vargas é acusado de ter usado um jatinho de Youssef para viajar de férias com a família, além de tráfico de influência no Ministério da Saúde ao negociar a contratação de um laboratório.

    Para Delgado, as suspeitas são suficientes para iniciar as investigações. "O representado é detentor de mandato de deputado federal; há reportagens que relacionam a ele os fatos narrados e, ao menos em tese, o fornecimento de informações privilegiadas e a intermediação de interesses de terceiro junto ao Ministério, aliada a recebimento de vantagens, pode constituir ato incompatível com o decoro parlamentar", disse.

    A crise começou quando a Folha revelou que Vargas viajou para o Nordeste com a família em um jato do doleiro. Logo depois, surgiram evidências de que o deputado agora licenciado fez lobby para a contratação de um laboratório pela pasta da Saúde. Preso como pivô da Operação Lava Jato da PF, Youssef está no centro da investigação sobre um esquema de corrupção que pode ter desviado mais de R$ 10 bilhões.

    Na semana passada, Vargas havia anunciado que renunciaria ao mandato, mas recuou. O parlamentar justificou o movimento dizendo que, mesmo com a renúncia, o processo disciplinar aberto contra ele no Conselho de Ética da Câmara prosseguiria.

    A cúpula do PT ainda pressiona para que Vargas renuncie o quanto antes. Dirigentes petistas dizem que, se ele abrir mão do mandato hoje, o partido desistirá de instaurar uma comissão de ética para avaliar suas relações com o doleiro Alberto Youssef.

    Se o parecer de Delgado for aprovado na semana que vem, Vargas terá dez dias para apresentar a sua defesa e indicar até cinco testemunhas a seu favor.

    Sergio Lima-03.dez.2013/Folhapress
    O deputado André Vargas (PT-PR)
    O deputado André Vargas (PT-PR)

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