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    USP planeja memorial para mortos e desaparecidos na ditadura

    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    22/04/2014 17h59

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Bernardo Kucinski, irmão da militante Rosa Kucinski, diante de escultura em sua homenagem
    Bernardo Kucinski, irmão da militante Ana Rosa Kucinski, diante de escultura em sua homenagem

    A Comissão da Verdade da USP (Universidade de São Paulo) planeja fazer um memorial dentro da cidade universitária em homenagem a alunos, professores e funcionários mortos, desaparecidos ou perseguidos durante a ditadura militar.

    A coordenadora do órgão universitário que apura violações a direitos humanos, professora aposentada Janice Theodoro da Silva, informou nesta terça-feira (22) que a entidade já realiza um levantamento das mortes, desaparecimentos e perseguições depois do golpe militar de 1964.

    "A Comissão da Verdade da USP trabalha com um projeto para um memorial a todos os mortos e desaparecidos", explicou. "A primeira coisa que precisa ser feita é o levantamento de todos os mortos, desaparecidos e prejudicados pelo golpe. É um trabalho e lento e árduo, porque estamos revendo toda a documentação", acrescentou.

    A USP inaugurou hoje um monumento em homenagem à docente e militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) Ana Rosa Kucinski, no dia em que o seu desaparecimento completa 40 anos.

    Na última quinta-feira, a Congregação do Instituto de Química da USP decidiu por unanimidade revogar a exoneração da professora, demitida em outubro de 1975 sob a justificativa de abandono de emprego.

    Segundo depoimentos de agentes da repressão, a professora e seu marido, Wilson Silva, foram sequestrados em 22 de abril de 1974 e levados para um centro de tortura em Petrópolis (RJ). De acordo com o ex-delegado de polícia Cláudio Guerra, a docente foi assassinada no local e seu corpo foi incinerado.

    No monumento, que representa uma flor, uma placa registra que Ana Rosa foi "sequestrada e morta pela ditadura". Para o vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, a homenagem é um reconhecimento de que a universidade cometeu um erro ao ter demitido a professora.

    "É um reconhecimento, é a nossa história sendo passada a limpo. Nós temos de lembrar bem a história para não repetir os erros do passado. Para as novas gerações, isso é um marco físico", afirmou.

    Na avaliação do presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, deputado estadual Adriano Diogo (PT), a Congregação do Instituto de Química fez "a lição de casa" ao homenagear a professora.

    "É uma coisa pequena, mas é importante. Pelo menos, reconheceram o erro deles. A USP fez, pelo menos, a lição de casa", disse.

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