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    Câmara suspende por 90 dias mandato de Lereia

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    23/04/2014 19h50

    O plenário da Câmara aprovou na noite desta quarta-feira (23) a suspensão do mandato do deputado Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO) por 90 dias devido ao seu envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de corrupção. A decisão foi aprovada por 353 deputados, sendo que 26 votaram contrariamente, em votação aberta.

    Lereia é o primeiro deputado a receber uma sanção alternativa. Anteriormente, o regimento da Câmara previa apenas a cassação do mandato. Agora, um deputado investigado pode receber sanções que vão desde uma advertência formal até a perda do cargo. A punição é decidida pelo Conselho de Ética.

    O relatório votado pelos deputados foi aprovado pelo colegiado em setembro do ano passado. Inicialmente, o parecer enviado ao colegiado pela Mesa Diretora da Casa pedia a cassação do mandato. Por isso, se os deputados rejeitassem o parecer pela suspensão, eles teriam que votar em seguida o relatório da Mesa Diretora. Durante a discussão da matéria, alguns deputados chegaram a defender a rejeição da proposta de suspensão para que fosse possível votar o pedido de cassação.

    Sérgio Lima/Folhapress
    O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), durante a votação da suspensão de seu mandato
    O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), durante a votação da suspensão de seu mandato

    Durante a sessão, Lereia discursou na tribuna e afirmou que nunca negou ser amigo de Cachoeira. "Jamais omiti ou menti sobre essa relação", disse. Para ele, o fato de Cachoeira ser dono de laboratórios, que necessitam de diversas aprovações do poder público, demonstravam que ele era uma pessoa séria.

    Após a proclamação do resultado, Lereia apresentou um pedido de licença para tratar de assuntos particulares por 40 dias a serem contados a partir do fim da suspensão. Dessa forma, o suplente da coligação será convocado.

    Trata-se de Valdivino José de Oliveira, do PSDB de Goiás. Desde 2011, ele já assumiu o mandato de deputado por 7 vezes.

    No período de afastamento, Lereia não receberá salário e benefícios e terá que abrir mão da verba de gabinete paga a todos os deputados. Ele também terá que demitir os funcionários do seu gabinete, que poderão ser recontratados quando ele voltar ao mandato.

    No ano passado, os deputados do Conselho de Ética aprovaram o relatório do deputado Sérgio Brito (PSD-BA) que considerou censurável a "estreita relação de amizade" entre Lereia e Cachoeira. Na avaliação do relator, as diversas gravações telefônicas entre o deputado, Cachoeira e pessoas ligadas a ele, colocaram em dúvidas seus atos e a seriedade do próprio Parlamento.

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