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    Rosa Weber determina instalação de CPI exclusiva da Petrobras

    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    23/04/2014 22h34

    A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber acatou um pedido apresentado por partidos de oposição e determinou a instalação da CPI para investigar exclusivamente denúncias relativas à Petrobras.

    A decisão foi dada em meio a uma queda de braço entre integrantes do governo e oposição. Após oposicionistas terem conseguido assinaturas suficientes para criar a CPI da Petrobras, governistas conseguiram apoio para criar uma outra comissão.

    A CPI do governo, além de investigar a estatal, também apuraria denúncias relativas ao cartel do metrô de São Paulo e às construções do porto de Suape e da refinaria Abreu em Lima –ambos em Pernambuco.

    Como a base governista pretendia instalar somente a CPI mais ampla, a oposição foi ao STF dizendo que o direito da minoria, de investigar atos do governo através de uma comissão de inquérito, estava sendo desrespeitado.

    Alan Marques - 10.abr.2014/Folhapress
    A ministra Rosa Weber, que decidiu sobre os pedidos de CPI apresentados por governo e oposição
    A ministra Rosa Weber, que decidiu sobre os pedidos de CPI apresentados por governo e oposição

    Além disso, oposicionistas alegam que a instalação de uma CPI mais ampla seria uma manobra do governo para tirar o foco da Petrobras e da compra de uma refinaria em Pasadena (EUA) que resultou num prejuízo bilionário para a estatal.

    Como a decisão sobre a instalação da CPI foi tomada individualmente pela ministra Rosa Weber, a direção do Senado poderá apresentar um recurso pedindo que o caso seja analisado pelo plenário do STF.

    No entanto, não há prazo para que o eventual recurso entre em pauta, o que na prática deve obrigar o Senado a instalar a CPI exclusiva da Petrobras. O gabinete da ministra não divulgou os argumentos usados para embasar sua decisão.

    Com a decisão da ministra, o governo trabalhará agora em duas frentes, caso não consiga cassar a liminar no plenário do STF. A primeira será tentar protelar ao máximo o início efetivo do trabalho da comissão, o que pode ocorrer, entre outras manobras, com o atraso na indicação dos integrantes da CPI pelos partidos governistas. Outra medida será coletar assinaturas para uma CPI paralela para investigar o cartel dos trens e Suape.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Aécio Neves — um dos que assinou o pedido da oposição ao STF– divulgou uma nota dizendo que aguarda ainda para amanhã a instalação da CPI, o que dificilmente ocorrerá. "Não é uma demanda das oposições e sim da sociedade brasileira", diz trecho da nota do tucano.

    O caso da refinaria de Pasadena ganhou força após a presidente Dilma Rousseff dizer que foi induzida a erro na aprovação da compra quando ainda era presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, em 2006.

    DEPOIMENTOS

    A presidente disse que o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró não revelou no resumo executivo entregue aos membros do Conselho cláusulas contratuais que, se conhecidas, teriam sido rejeitadas. O custo total da aquisição pela Petrobras chegou a US$ 1,2 bilhão, negócio considerado hoje pela direção da estatal como malsucedido.

    Antes da decisão de Rosa Weber, a oposição havia atuado na Câmara para manter o assunto na ordem do dia. Os deputados aprovaram três convites para que o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli compareça à Câmara para prestar novos esclarecimentos sobre a compra da refinaria. Além dele, ministros e a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, também deverão ir ao Congresso para tratar do caso.

    Foster deverá ser ouvida na próxima quarta na Câmara. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi convidado para ir ao Congresso no dia 14 de maio. Os deputados também aprovaram o convite para o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou a discussão em torno da criação de uma CPI. Em Salamanca, na Espanha, Lula disse "estar por fora" da polêmica.

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