Cerca de 300 indíos guarani e ativistas fizeram uma manifestação nesta quinta-feira (24) para reivindicar a demarcação de terras na Grande São Paulo. O grupo se reuniu no vão do Masp e fez passeata na av. Paulista e na rua Consolação, bloqueando parte das vias. O protesto durou quase 3h e terminou na praça Roosevelt, no centro da cidade, às 20h50.

O objetivo era cobrar do Ministério da Justiça a assinatura do documento que garante a demarcação das terras Tenondé Porã (no extremo sul da região metropolitana de São Paulo) e Jaraguá (no pico de mesmo nome), já reconhecidas pela Funai (Fundação Nacional do Índio)

Em seis aldeias nessas localidades, vivem cerca de 2.100 guaranis. A área das duas demarcações, somadas, é de aproximadamente 600 hectares.

A polícia militar acompanhou a manifestação e organizou o trânsito na região.

Os indígenas carregaram faixas com os dizeres, "Assina logo, Cardozo", em referência ao ministro da justiça, José Eduardo Cardozo. O grupo levou cestas e pediu doação de canetas para serem enviadas ao ministro que, segundo eles, demora para assinar a demarcação de terras.

Durante toda a passeata, os manifestantes entoaram canções em guarani. Em alguns pontos, pararam e executaram danças e rituais típicos da etnia.

Quando chegaram diante de um painel de São José de Anchieta, nas paredes de uma escola na rua da Consolação, os indígenas atiraram flechas na direção do padre, cuja cerimônia de canonização ocorreu hoje, no Vaticano. A imagem retrata a canonização dos índios por Anchieta, que foi missionário jesuíta no Brasil no século 16.

"Essa imagem representa o quanto o povo brasileiro deve à população indígena. Esse local já foi de terra de índios. Tem sangue de milhões indígenas aqui embaixo", disse um dos líderes dos guarani em um alto-falante.