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    Declaração de Lula é grave e merece repúdio, diz presidente do STF

    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    28/04/2014 20h30

    O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, divulgou uma nota na noite desta segunda-feira rebatendo as críticas ao processo mensalão feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, dizer que o julgamento foi 80% político é algo que merece "o mais veemente repúdio" e mostra que o petista não entende o papel reservado ao Judiciário numa democracia.

    "A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça", diz trecho da nota.

    O presidente do STF ainda destacou que o processo do mensalão foi conduzido de forma "absolutamente transparente", com todas as partes envolvidas tendo acesso aos autos.

    Além disso, lembrou que a acusação e a defesa tiveram mais de 4 anos para levar ao STF provas que entendessem necessárias. Por isso, as declarações de Lula a uma TV portuguesa, alegando que o julgamento foi político e tinha o objetivo de destruir o PT, não procedem.

    "O juízo de valor emitido pelo ex-Chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome".

    'TROÇO DE DOIDO'

    Barbosa não foi o primeiro ministro do STF a rebater as declarações de Lula. Também nesta segunda-feira, Marco Aurélio Mello criticou a fala do petista. "Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido", disse.

    Para Marco Aurélio, o ex-presidente exerceu o seu "sagrado direito de espernear". Ele espera, porém, que a tese defendida por Lula não ganhe ressonância na sociedade.

    "Só espero que esse distanciamento da realidade não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria [tamanho das penas] pode até se discutir alguma coisa, agora a culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo Estado acusador", disse.

    Já o ministro Gilmar Mendes classificou de "engraçada" a declaração de Lula. "Como se enquadrar nesse percentual preciso de 80% e 20%. Está tudo muito engraçado", disse o ministro em entrevista para a rádio "Jovem Pan" nesta segunda-feira (28).

    "Esta conta, que também é muito singular. Julgamento político em 80%, 20% jurídico. Como ele não é da área jurídica, talvez também ele esteja adotando um outro critério. Porque nós não sabemos fazer esse tipo de contabilidade no âmbito do tribunal", declarou o ministro do STF. "Quais foram os votos que foram políticos e quais foram estritamente jurídicos?"

    Mendes lembrou ainda de uma fala de Lula durante a crise do mensalão. "Nós não podemos esquecer que o presidente já pediu desculpas à nação pelo fato da existência da prática do mensalão. Agora, ele já disse outras vezes que o mensalão não existiu, que o mensalão foi parcial."

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