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    Rio de Janeiro

    Polícia diz que irmãos de caseiro são cúmplices na morte de Paulo Malhães

    DO RIO

    29/04/2014 15h01

    Após prender o caseiro Rogério Pires Teles, que trabalhava para o coronel reformado Paulo Malhães e que, segundo a polícia, confessou participação no crime que resultou em sua morte, a polícia agora está à procura de Rodrigo Pires e de Anderson Pires Teles, seus irmãos, que também teriam participado da ação.

    "As investigações estão em curso, mas a princípio, é crime patrimonial", disse o delegado Marcus Maia, um dos que participa da investigação, em entrevista na tarde desta terça-feira (29), na delegacia de homicídios da Baixada, em Belford Roxo (RJ). Segundo ele, o caseiro facilitou o acesso dos demais criminosos à residência de Malhães na última quinta-feira.

    "Eles passaram um mês planejando o crime", disse Maia, que afirmou ainda que Teles havia trabalhado como caseiro para Malhães por sete anos, deixou o emprego em dezembro passado e retornou à função em meados de março.

    Além dos três irmãos, uma quarta pessoa, ainda não identificada, também está foragida. De acordo com a polícia, apenas um dos identificados tem passagem por estupro, mas o delegado não soube informar qual deles.

    O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damus, questiona a versão da polícia do Rio sobre morte de Malhães. Nesta terça, Damus fez um apelo, durante audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado, ao Ministério da Justiça para que a Polícia Federal investigue a morte do coronel reformado Paulo Malhães.

    "Não quero aqui lançar suspeitas pela idoneidade da Polícia Civil, mas a tendência é encarar como ocorrência policial, como aconteceu. Mas temos que ir às investigações. Não foi uma pessoa qualquer, foi alguém com essa folha de péssimos serviços prestados ao país, de macabros serviços prestados à repressão política", afirmou Damus.

    MORTE

    No dia 25 de abril, Malhães foi encontrado morto com sinais de asfixia, num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ). Na ação dos criminosos, a mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos, após a invasão da casa.

    O coronel reformado havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985). Membros de comissões da Verdade nacional e do Rio suspeitaram de "queima de arquivo".

    De acordo com a investigação policial, trata-se de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte) com a participação do funcionário do próprio militar reformado –o caseiro teria caído em contradição em seus depoimentos à polícia e foi detido ontem, após a Justiça expedir um mandado de prisão contra Pires no plantão judiciário.

    Segundo o delegado Maia, os criminosos estariam atrás das armas que Malhães colecionava; ele afirmou já ter solicitado ao Exército a listagem das armas que o coronel reformado possuía.

    A polícia disse ainda que o caseiro negou ter ficado com os assaltantes na presença do Malhães e afirmou não saber se a morte do militar reformado teria sido acidental ou proposital. Segundo o delegado, Pires teria demonstrado tristeza com a possibilidade de Malhães ter sido assassinado e afirmou que o coronel lhe ajudava quando tinha necessidades financeiras.

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