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    Rui Falcão diz que é hora de formalizar Dilma como candidata e reelegê-la

    FLÁVIO FERREIRA
    DE SÃO PAULO

    02/05/2014 18h07

    Para conter o movimento "volta, Lula", o presidente do PT, Rui Falcão, defende formalizar "solenemente" a indicação de Dilma como pré-candidata à reeleição.

    "Faltam seis meses para o dia da eleição. Daqui até lá, não há tarefa mais importante do que obter, nas urnas, um segundo mandato para a companheira Dilma. Um outro mandato ainda melhor que o atual, com novos avanços, novos direitos, novas oportunidades, reformas estruturais urgentes e imprescindíveis", afirma Falcão.

    Contudo, as convenções partidárias que determinarão à escolha de candidaturas e à deliberação sobre coligações acontecem apenas em junho, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Com isso, o PT só poderá formalizar seu candidato no mês que vem.

    O presidente nacional do PT participa do 14º Encontro Nacional da sigla, que acontece nesta sexta-feira (2) no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. A presença de Dilma está prevista para as 19h, segundo agenda divulgada pelo Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula também participará do evento.

    Nos últimos dias, o movimento "volta, Lula", que ganhou força com o manifesto de parte da bancada do PR, partido da base do governo, que pediu a substituição de Dilma pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, Dilma disse que será candidata com ou sem o apoio da base aliada.

    CAMPOS E AÉCIO

    Falcão também ataca os adversários da presidente nas próximas eleições, critica a mídia e defende a realização de uma reforma política no país. O presidente do PT diz que o pré-candidato do PSB Eduardo Campos "nunca teve ideias próprias" e "sempre andou a reboque" do programa de desenvolvimento do PT.

    Segundo o texto, agora Campos tenta deformar as ideias do PT para "torná-las mais palatáveis aos poderosos" e busca "reembalar sua imagem, com tinturas e sabores exóticos". "Cuidado! Porque misturar tapioca com açaí às vezes pode causar indigestão", afirma Falcão, em alusão à aliança de Campos com Marina Silva, da Rede.

    O líder petista também diz que o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, tem propostas "desatinadas" em seu projeto político, como a flexibilização das leis trabalhistas e o fim da lei que prevê aumentos automáticos no salário-mínimo.

    MÍDIA

    Em relação à mídia, o presidente da legenda afirma que atualmente há uma submissão "ao pensamento único, à manipulação, à distorção, à omissão da informação –práticas correntes do monopólio midiático, que funciona hoje como o principal partido de oposição". Ele prega a necessidade de uma lei para impor regras ao setor.

    O petista também defende a realização de uma reforma política na qual seja abolido o financiamento privado nas campanhas eleitorais, e seja adotado o sistema de voto em listas elaboradas pelos partidos.

    *

    LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE RUI FALCÃO

    Discurso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, em 02/05/2014

    Companheiros e companheiras

    Durante os primeiros anos do PT, no calor das greves operárias que puseram por terra o arrocho salarial e que ajudaram a sepultar a ditadura moribunda, o presidente Lula proclamava, vibrante e convicto: "que ninguém jamais ouse duvidar da capacidade de luta da classe trabalhadora".

    Tantos anos e vitórias eleitorais depois, podemos reafirmar, sem falsa modéstia e sem risco de erro: que ninguém ouse duvidar da capacidade de luta da militância petista para dar continuidade a nosso projeto nacional de desenvolvimento, iniciado com a eleição do Lula e continuado, com avanços, pela presidenta Dilma.

    Reunimo-nos aqui, hoje, para definir a tática eleitoral e aprovar as diretrizes do programa de governo, a ser elaborado pelo PT e ser objeto de consulta aos partidos aliados. Mas o Encontro é, sobretudo, o momento de formalizarmos, solenemente, a indicação da companheira Dilma Rousseff como nossa pré-candidata à Presidência da República.

    É uma ocasião histórica, esta de consagrar o que a militância petista, em todos os cantos do País, já manifestava nestes três anos e pouco de um governo responsável por grandes transformações a favor do povo brasileiro.

    Depois dos oito anos marcantes da gestão do presidente Lula, o governo da presidenta Dilma consolidou as conquistas alcançadas naquele período e, apesar do agravamento da crise mundial e do cerco midiático, promoveu avanços significativos. Basta ver o Mais Médicos, o Pronatec, o Ciência sem Fronteiras, a proposta de convocação do Plebiscito para a Reforma Política, o Marco Civil da Internet, o Brasil sem Miséria, entre tantas outras realizações.

    Companheiros e companheiras

    Faltam seis meses para o dia da eleição. Daqui até lá, não há tarefa mais importante do que obter, nas urnas, um segundo mandato para a companheira Dilma. Um outro mandato ainda melhor que o atual, com novos avanços, novos direitos, novas oportunidades, reformas estruturais urgentes e imprescindíveis.

    Esta é uma aspiração não apenas do PT, mas da maioria do povo brasileiro. As pesquisas atestam que o eleitorado deseja mudanças, deseja continuar mudando. Deseja superar, conservando. Ou seja, quer que Dilma continue a mudar o Brasil como vem fazendo.

    A rima popular é mudança com esperança. E a sabedoria popular diz que mudança com esperança é Dilma. A rima popular é mudança com segurança. E a sabedoria popular diz que mudança com segurança, só com Dilma.

    Como bem disse a nossa presidenta em declarações recentes, mudar não é retroceder, não é dar um passo atrás em direção ao passado, a exemplo de um dos adversários de nosso projeto, que ostenta um antigo político como seu padrinho e tutor eleitoral: sim, aquele mesmo que legou ao País uma herança maldita. E que agora, como pré-candidato, anuncia medidas "impopulares", como a flexibilização das leis trabalhistas e o fim da lei do salário-mínimo, que em onze anos garantiu um aumento para os trabalhadores de quase 70% acima da inflação.

    Que eles, como costumam fazer, não venham depois desdizer o que disseram –nem tenham medo de manter, na campanha, suas desatinadas propostas. Que eles mostrem a cara, pela primeira vez, para que o povo veja o riso frio e cruel que dela emana.

    Se é preciso repelir o retrocesso, também é fundamental desmascarar os que prometem uma nova política, mas, comprometidos com figuras do passado, projetam-nos um futuro como salto no escuro, de consequências danosas. De fato, se levada às ultimas consequências, a proposta do ex-governador nordestino, de uma inflação anual de 3%, pode provocar uma elevação de até 60% na taxa de desemprego, segundo cálculos de economistas simpáticos à candidatura oposicionista.

    Este candidato, aliás, que nunca teve ideias próprias, que sempre andou a reboque do nosso programa de desenvolvimento, tenta, agora, deformar nossas ideias para torná-las mais palatáveis aos poderosos. E busca, às pressas, reembalar sua imagem, com tinturas e sabores exóticos. Cuidado! Porque misturar tapioca com açaí às vezes pode causar indigestão

    Desde o início do governo Lula até agora, a inflação sempre esteve sob controle. Mas não à custa de arrocho salarial, do desemprego ou da supressão de direitos trabalhistas - como advogam os oposicionistas e seu séquito de assessores neoliberais!

    Não quero gastar mais tempo e palavras com nossos adversários. Enquanto eles fazem politicagem e tentam tirar proveito de problemas temporários, torcendo pelo quanto pior, melhor, o PT vai em frente, construindo o futuro!

    Por isso é que repito: continuar com Dilma é prosseguir mudando, pois só quem foi capaz de mudar tanto é capaz também de mudar mais e melhor!

    Companheiros e companheiras

    Não vou me alongar na citação de mudanças necessárias, que constam do projeto de diretrizes e que deverão integrar o futuro programa de governo. Mas há duas reformas essenciais, inadiáveis, imprescindíveis, inegociáveis, vitais para o avanço do nosso projeto e para o aprofundamento da democracia brasileira.

    Refiro-me, em primeiro lugar, à reforma política. Até porque a presidenta Dilma, em decisão histórica logo após as jornadas de junho, enviou à Câmara dos Deputados a proposta de convocação de plebiscito para que a população possa se manifestar sobre as alterações do sistema político-eleitoral do Brasil.

    A este respeito, orientei a bancada do PT para que se empenhe na votação do decreto legislativo que convoca o plebiscito, a fim de dar efetividade à iniciativa da presidenta.

    Além disso, nós, do PT, estamos apoiando todas as propostas sintonizadas com a reforma política aprovada em nossas instâncias, sobretudo o apoio e engajamento no abaixo-assinado de iniciativa popular legislativa e na realização do Plebiscito pela Constituinte exclusiva, previsto para a Semana da Pátria deste ano.

    A reforma política, com o voto em lista (para fortalecer os partidos); com a simplificação dos mecanismos de participação popular; com a paridade de gêneros (para ampliar a participação e representação das mulheres na política); com o fim do financiamento privado, a reforma política é um poderoso instrumento para fortalecer a democracia. E se constitui, ainda, como antídoto à corrupção, cujo combate tenaz pelos governos Lula e Dilma deve ser continuado com a criação de novos mecanismos e da penalização de corruptos e corruptores - estejam onde estiverem e doa a quem doer!

    Vamos inscrever, na carta-compromisso das candidaturas petistas, a obrigação partidária dos mandatos de empunharem esta bandeira e de se empenharem para recuperarmos o sentido ético da Política, com P maiúsculo.

    A segunda reforma estrutural, tão importante quanto a reforma política, é uma lei da mídia democrática, para eliminar os monopólios e oligopólios dos meios de comunicação e para que se cumpra o que exige a Constituição brasileira de 1988.

    Para ampliar a liberdade de expressão, assegurar a liberdade de imprensa, impedir qualquer tipo de censura e garantir o amplo acesso à informação, o Brasil, como a quase unanimidade dos países democráticos, precisa urgentemente de um marco regulador da comunicação social.

    Tergiversar nesta missão significa continuarmos submetidos ao pensamento único, à manipulação, à distorção, à omissão da informação - práticas correntes do monopólio midiático, que funciona hoje como o principal partido de oposição.

    Companheiros e companheiras

    Vencer as eleições, reeleger Dilma, ampliar nossas bancadas parlamentares, manter e conquistar novos governos estaduais exigirá uma grande capacidade de mobilização e organização social. E isto se constrói desde já, seja com as providências da campanha eleitoral nos Estados, com a militância do PT e dos aliados, mas também com diálogo e com participação popular.

    Como propõem militantes de várias correntes de opinião do PT, necessitamos não apenas de uma campanha eleitoral tradicional, mas de um grande movimento político, que articule e mobilize partidos, movimentos, bancadas e governos.

    Lideramos as pesquisas e as expectativas de vitória. Mas sabemos que será uma disputa árdua, contra adversários cuja gana de nos derrotar não encontra limites, que são capazes de tudo para atingir seus objetivos. Portanto, não os subestimemos –e nada de salto alto ou de triunfalismo.

    Se agora ou ao longo da campanha surgirem dificuldades, obstáculos na nossa caminhada, que sejam motivo para mais energia, mais dedicação, nunca para desânimo ou desesperança.

    Companheiros e companheiras

    A partir de hoje, toda a nossa energia se concentrará no objetivo central do PT: a reeleição. E, para tanto, temos uma candidata cuja história, compromisso, atuação política e administrativa à frente do governo a credencia para a vitória.

    Suas realizações, seu legado, sua visão do futuro são argumentos vivos para a campanha. Ela tem vontade e coragem política para os enfrentamentos. E, sobretudo, tem lado. O lado do povo, o lado das maiorias sociais.

    Junto com ela, nas lutas, na vida e na campanha, está o companheiro Lula, presidente de honra do PT e a maior liderança que o povo brasileiro já produziu. Sua presença, seu companheirismo, sua lealdade, sua orientação, sua liderança, como grande comandante político dos embates deste ano estimulam e fortalecem a nossa campanha.

    Temos o principal: um grande projeto, grandes líderes e uma militância extraordinária, com enorme disposição para a luta.
    Mas temos algo mais importante: uma grande nação, um grande povo, e um coração vermelho, gigante, cheio de amor fraterno e pleno de disposição guerreira para travar o bom combate.

    Muito obrigado e vamos juntos, rumo à vitória!

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