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    Dilma terá cobranças e protesto em terra de aliado de Campos

    DANIEL CARVALHO
    ENVIADO ESPECIAL A CABROBÓ (PE)

    13/05/2014 10h38

    A presidente Dilma Rousseff não deve ter a melhor das recepções ao chegar a Cabrobó (a 531 km do Recife) nesta terça-feira (13).

    Além de ao menos um protesto, ela também deve enfrentar uma saia justa ao encontrar o prefeito Auricélio Torres (PSB), aliado do ex-governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB-PE).

    Dilma deve chegar a Cabrobó no começo desta tarde para vistoriar obras da transposição do rio São Francisco que deveriam ter ficado prontas em 2012, mas que só devem ser concluídas no final de 2015.

    O prefeito promete entregar uma lista de promessas feitas durante os governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo ele, ainda não foram cumpridas. O primeiro item da lista sobre a mesa do prefeito é a promessa de sanear todo o município feita pelo governo Lula em 2005. Segundo Torres, só 30% da cidade foi contemplada até agora.

    O prefeito também cita a promessa de construir cinco adutoras. Mas somente uma saiu do papel. Além disso, Torres cita um convênio de R$ 2,7 milhões assinado em 2011 com o Ministério da Integração Nacional para fazer um cais na beira do rio, um centro cultural indígena e a recuperação de estradas da Ilha da Assunção, onde vive o povo indígena trucá.

    Daniel Carvalho/Folhapress
    Placa anuncia obra nunca iniciada de escola técnica em Cabrobó
    Placa anuncia obra nunca iniciada de escola técnica em Cabrobó

    Por fim, o prefeito pretende cobrar a construção de uma escola técnica estadual que seria feita, de acordo com Torres, com verba federal. Uma placa antiga diante de um descampado indica onde deveria haver homens trabalhando.

    Auricélio Torres diz que, além de cobrar promessas antigas, vai fazer novos pleitos: um projeto de irrigação, um campus da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco) e a inclusão de Cabrobó no programa Minha Casa, Minha Vida.

    O prefeito diz ter direito a todas essas obras como forma de compensação, já que o canal da transposição "subtraiu 2.000 hectares de terra do município, provocou perda de mata nativa e, com isso, houve aumento do barbeiro [inseto que provoca a Doença de Chagas] na cidade".

    Para completar, Torres diz que, com o fim das obras, Cabrobó deixará de receber cerca de R$ 500 mil mensais de ISS (Imposto Sobre Serviços). Esse dinheiro hoje banca um terço da folha de pagamento do município, de acordo com o prefeito.

    "Sou daqueles que pensa que, se você tiver uma reivindicação justa, não meço o tamanho da autoridade", afirmou Torres à Folha. Além disso, um protesto está sendo organizado por um servidor do Estado. O próprio prefeito ameaça bloquear a saída da água da transposição, no ano que vem, caso os projetos não saiam do papel.

    O prefeito disse que "em nenhum momento" discutiu a pressão que pretende fazer sobre a presidente com o adversário dela, Eduardo Campos, seu correligionário. Para evitar maiores constrangimentos, o Palácio do Planalto foi na tarde de segunda-feira (12) à Prefeitura de Cabrobó conversar com Torres e tirou da programação o discurso que a presidente faria.

    Agora, Dilma deve apenas vistoriar as obras, cumprimentar os operários que fazem a transposição e deixar o "território inimigo". Segundo o Ministério da Integração Nacional, as adutoras do município de Cabrobó serão executadas dentro do programa básico ambiental que beneficia as comunidades rurais que vivem nas proximidades da transposição. A obra está na fase de elaboração do projeto executivo.

    Já os projetos que tratam do saneamento básico do município foram entregues em abril pela prefeitura e estão no ministério para a liberação de recursos. A Folha não conseguiu contato com o Ministério das Cidades, e o Ministério da Educação não respondeu à reportagem.

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