• Poder

    Saturday, 18-May-2024 10:33:06 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Protesto contra a Copa marca isolamento dos 'black blocs' no Rio

    LUCAS VETTORAZZO
    ÍTALO NOGUEIRA
    ADRIANO BARCELOS
    DO RIO

    15/05/2014 22h40

    O protesto contra a Copa do Mundo realizado nesta quinta-feira (15) no centro do Rio marcou uma divisão entre os "black blocs", que marcharam à frente de um grupo estimado em cerca de 1,5 mil pessoas pela PM, e os militantes de partidos políticos e de sindicatos, professores em greve e estudantes.

    O grupo se reuniu em frente à estação Central do Brasil e marchou em direção à sede da Prefeitura do Rio.

    Na chegada à sede da Prefeitura do Rio, onde ocorreram diversos confrontos com a Polícia Militar nos atos de junho passado, os manifestantes ligados a partidos políticos foram vaiados ao se afastarem do grupo de cerca de 200 homens mascarados ou com camisetas pretas cobrindo o rosto.

    Desde junho, quando ganhou força a expressão "não me representa", direcionada a partidos políticos, os militantes de partidos evitaram participar de protestos convocados por grupos anarquistas. Em algumas manifestações, como o do dia 7 de setembro e na campanha grevista dos professores em outubro passado, partidos e mascarados chegaram a integrar o mesmo ato.

    No protesto desta quinta-feira, o carro de som, levado ao local pelo sindicato dos professores, pedia que os participantes ficassem atrás de uma faixa confeccionada especialmente para o ato.

    Os "black blocs", contudo, não respeitavam ao chamado e marchavam na frente. A cada trecho percorrido, a marcha fazia uma pausa e nessas horas a divisão ficava clara. Dois blocos caminhavam com um espaço entre eles.

    Um dos militantes de partidos chegou a reclamar da situação para um colega. "Eles se acham os donos do protesto. Dizem que estão aqui pra fazer a nossa segurança, mas querem mesmo o conflito".

    A manifestação começou a se dispersar por volta das 19h15. Militantes fizeram questão de se posicionar longe dos mascarados. A situação parecia que sairia do controle a qualquer momento, já que um contingente grande de policiais estava posicionado em frente à Prefeitura e os mascarados estavam agitados. Policiais fizeram duas revistas, que não terminaram em tumulto.

    Os "black blocs" decidiram então correr pela pela avenida Presidente Vargas, principal artéria do trânsito do centro do Rio.

    Os mascarados cruzaram o canal que divide as pistas nos dois sentidos (zona norte e Candelária) e se meteram entre os carros e ônibus que circulavam lentamente na hora do rush, causando tensão entre as pessoas que voltavam para casa. Motoristas de ônibus buzinavam e pedestres corriam, assustados.

    Os "black blocs" fizeram o caminho de volta até a estação Central do Brasil, onde a manifestação havia começado. Na passagem do grupo pelo saguão da estação, rumo às plataformas de trens suburbanos, houve correria mas a situação se normalizou rapidamente.

    Do lado de fora, após empurra empurra durante uma revista, a polícia atirou duas bombas de gás lacrimogêneo. O ato já havia praticamente esvaziado por completo. Poucos manifestantes e muitos jornalistas presenciaram o tumulto, que não chegou ficar muito violento.

    O ato carioca contra a Copa só conseguiu fazer barulho porque foi engrossado por uma passeata de professores das redes municipal e estadual, que decidiram nesta quinta manter por tempo indeterminado a greve iniciada dia 12. Os professores, estimados em 3 mil pelo sindicato da categoria e em mil pela PM, se juntaram aos manifestantes em frente à estação Central do Brasil e marcharam pela Presidente Vargas, que teve o trânsito interrompido no sentido Candelária.

    Os rodoviários, que fizeram assembleia nesta quinta na Candelária, não aderiram à manifestação. A categoria fez greve na terça e quarta-feira passadas e convocou nova assembleia para a próxima terça-feira (20), na qual poderá ser decidida nova paralisação de 24 horas na quarta.

    Os manifestantes do chamado 15M, dia de luta contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, gritaram palavras de ordem como "Dilma, escuta: na Copa vai ter luta" e queimaram álbuns de figurinhas da Copa. O atacante Neymar foi xingado, e havia cartazes contra Pelé.

    Cerca de 30 homens mascarados ou com camisetas encobrindo o rosto posavam para fotos na concentração do ato. Os líderes dos rodoviários orientaram os cerca de 400 representantes da categoria que participaram da assembleia, a cerca de 2.000 metros do local do protesto, a se dispersarem porque havia "elementos mal intencionados" na manifestação.

    A Polícia Militar acompanhou de perto o protesto. A reportagem da Folha constatou a presença de três grupos de trinta policiais cada nas duas laterais e na retaguarda da manifestação, com apoio de veículos do Batalhão de Choque.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024