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    Rio de Janeiro

    Drag queen celebra culto evangélico para chamar atenção para a homofobia

    BRUNA FANTTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    19/05/2014 02h00 Erramos: o texto foi alterado

    Cílios postiços, maquiagem artística, peruca, saia e uma Bíblia. Assim o pastor Marcos Lord transformou-se na drag queen Luandha Péron e celebrou um culto evangélico na Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) Betel, em Irajá, na zona norte do Rio, na noite do domingo (18).

    "Pela primeira vez, é a Luandha que está aqui, não o Marcos, pois meu objetivo é chamar atenção para o Dia Internacional contra a Homofobia [em 17 de maio]", disse ao começar a pregação. "Infelizmente, 24 anos após esse dia ser fundado ainda há muito preconceito. Se eu sair daqui vestido assim, serei apedrejado na esquina."

    O culto começou com a música Hallelujah, de Jeff Buckley. Uns choravam, outros batiam palmas. Os salmos tratavam de injustiças e apedrejamentos relatados na Bíblia.

    A ICM Betel foi fundada na Baixada Fluminense em 2008. Em 2010 foi inaugurada a sede da zona norte. Elas seguem o modelo do reverendo americano Troy Perry que, em 1968, fundou na Califórnia a primeira igreja denominada inclusiva, com o lema "O Senhor é meu pastor e Ele sabe que sou gay".

    Lord, que é pastor e presidente da unidade de Irajá, transformou-se em drag queen pela primeira vez na Parada Gay de 2011, em Copacabana, na zona sul do Rio. Vestido de noiva, pedia a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

    De família evangélica, chegou a ficar noivo de uma mulher. Apaixonou-se por um homem e diz que foi tachado de aberração pelo pastor da igreja que frequentava. "Fui expulso de casa, achava que iria para o inferno", disse.

    A intersexual Esther Pinnhas, 49, era uma das mais animadas no culto. "Nasci hermafrodita, em uma família judaica tradicional. Aos 21 anos, fiz a cirurgia de escolha de sexo, mas o judaísmo não me aceitou e também sofri preconceito em outras igrejas evangélicas. Aqui sou eu e sou amada".

    Bruna Fantti/Folhapress
    Pastor Marcos Lord, celebra culto evangélico como Drag queen
    Pastor Marcos Lord, celebra culto evangélico como Drag queen

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