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    Ministro do STF reconsidera decisão e mantém doleiro da Lava Jato na prisão

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    20/05/2014 11h15

    Pedro Ladeira-27.fev.2014/Folhapress
    O ministro Teori Zavascki
    O ministro Teori Zavascki reconsidera decisão e mantém 11 presos pela PF na Operação Lava Jato

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki reconsiderou decisão divulgada nesta segunda-feira (19) e manteve 11 presos pela PF na Operação Lava Jato que mandara soltar.

    Com a mudança, segue preso o doleiro Alberto Youssef, acusado pela Polícia Federal de comandar um esquema de lavagem que movimentou R$ 10 bilhões e teria ramificações em partidos como o PT, PP, PMDB e SDD.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O ministro mandou que as oito ações penais que resultaram da Operação Lava Jato sejam enviadas para o Supremo. A Folha obteve a decisão de Zavascki na manhã desta terça-feira (20).

    O único preso que foi liberado pelo ministro foi o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele deixou a superintendência da PF em Curitiba na tarde desta segunda-feira (19).

    LIBERAÇÃO

    O ministro decidira soltar todos os 12 presos da operação em despacho deste domingo à noite (18) por considerar que o juiz federal Sérgio Moro havia invadido a competência do Supremo ao manter a investigação após aparecerem nas interceptações deputados federais como André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (SDD-BA).

    Como deputados gozam de foro privilegiado, só o Supremo tem o poder de conduzir investigações criminais contra eles. Moro, no entanto, mandou soltar só o ex-diretor da Petrobras e pediu explicações sobre o alcance da decisão, em despacho que enviou na tarde desta segunda-feira (19) ao Supremo.

    No pedido, Moro fez duas ponderações: 1) Disse que os investigados poderiam fugir para o exterior onde tinham recursos para se sustentar por serem doleiros ou trabalharem para eles; e 2) Afirmou que alguns doleiros presos estava envolvido com tráfico internacional de drogas.

    Um dos presos citados pelo juiz, Rene Luiz Pereira, é acusado de envolvimento com o tráfico de 750 quilos de cocaína para a Espanha e a lavagem do dinheiro resultante desse crime. Youssef também é acusado de ter participado, indiretamente, dessa remessa de cocaína para a Espanha.

    Moro é um dos juízes federais com melhor trânsito e prestígio dentro do STF por ter auxiliado no julgamento do mensalão, em 2012. Ele trabalhou com a ministra Rosa Weber, especialista em direito trabalhista e pouca familiarizada com lavagem de dinheiro. A ministra convidou o juiz porque uma das questões centrais do mensalão era lavagem de dinheiro, tema sobre o qual Moro é considerado uma autoridade no país.

    Um livro do juiz, "Crime de Lavagem de Dinheiro", é um dos mais citados no acórdão do mensalão, tanto por ministros quanto pelos advogados de defesa. O ministro, numa decisão raríssima, reviu a ordem de soltura que expedira na noite do último domingo (18).

    "Em face das razões e fatos destacados nas informações complementares, autorizo, cautelarmente, que se mantenham os atos decisórios, inclusive ao que se refere aos decretos de prisão", escreveu o ministro na explicação que manteve as prisões.

    Continuam presos, entre outros, a doleira Nelma Kodama, que tentou fugir para a Itália no meio de março com 200 mil euros escondidos na calcinha, e Carlos Habib Chater, que atuava em Brasília e mantinha negócios com Youssef.

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