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    Deputado e empresário de MT serão levados para Brasília

    RODRIGO VARGAS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

    20/05/2014 12h18

    Presos na manhã desta terça-feira (20), o empresário Eder Moraes e o deputado estadual José Geraldo Riva (PSD) serão enviados para a Delegacia da Polícia Federal, em Brasília, onde prestarão depoimento.

    As prisões fazem parte da Operação Ararath, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas negociadoras de crédito em Mato Grosso.

    Agentes da Polícia Federal chegaram a fazer buscas no apartamento do governador, Silval Barbosa (PMDB), e também na casa e no gabinete de Riva. A PF também realizou buscas no gabinete do prefeito Mauro Mendes (PSD). Procurados, os políticos ainda não se manifestaram sobre as ações da Polícia Federal.

    Os suspeitos usavam serviços de "factoring" para fazer empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, mas não tinham autorização do Banco Central para operar. O dinheiro era movimentado nas contas dessas "factorings" e de empresas dos integrantes do esquema. Em seis anos, foram movimentados mais de R$ 500 milhões, diz a polícia.

    Ex-presidente da MT Fomento (uma agência pública de crédito) e ex-secretário das pastas da Fazenda e da Casa Civil, Moraes é uma figura central no suposto esquema, segundo as investigações da PF. Ele foi ainda presidente da extinta Agecopa e titular de sua substituta, a Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo).

    Foi durante sua gestão na Fazenda, no governo do hoje senador Blairo Maggi (PR), que foi levada adiante uma ampla política de emissão de cartas de crédito a servidores públicos e o pagamento de milionários precatórios judiciais a empreiteiras. A iniciativa é um focos da investigação da PF.

    Mantido no governo de Silval Barbosa, como titular da Casa Civil, Moraes deixou o cargo para assumir, em 2011, a preparação de Cuiabá como sede da Copa do Mundo. Ele comandou a polêmica alteração no modal de transportes então adotado pela cidade como principal obra de mobilidade para o evento. O BRT, um sistema de faixas exclusivas para ônibus que tinha projeto e recursos aprovados, deu lugar aos trilhos e vagões do VLT, com orçamento quase quatro vezes superior.

    Moraes deixou o cargo pouco antes da abertura da licitação do novo modal, em meio a acusações de que estaria fazendo lobby agressivo por uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. À ocasião, em entrevista ao vivo à TV Record, Moraes se disse perseguido por "tubarões que ocupam o poder no Estado", mas não citou nomes.

    'ABANDONO'

    Nos últimos meses, após a deflagração das primeiras etapas da Ararath, Moraes deu outras entrevistas queixando-se de um suposto "abandono" por parte de Blairo e Silval. "O que realmente me chateou foi a enorme falta de companheirismo [de Blairo e Silval], aos quais servi por mais de 12 anos no Estado. Eles não tiveram o mínimo de consideração com a minha pessoa", disse.

    Filiado ao PMDB do atual governador, Moraes vinha articulando sua candidatura a deputado estadual. Ele atua, ainda, como apresentador de TV e é presidente do Mixto Esporte Clube, time de futebol mais tradicional do Estado.

    Na manhã desta terça, a Folha tentou, mas não conseguiu falar com a defesa de Moraes. O governo de Mato Grosso informou que vai divulgar uma nota sobre o caso. Depois do depoimento, ele e Riva poderão para encaminhados para o presídio da Papuda, mesmo local onde estão detidos alguns dos condenados pelo mensalão.

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