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    Juiz Sergio Moro virou referência em crimes financeiros

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    21/05/2014 02h00

    O juiz Sergio Moro, 41, tornou-se uma referência em crime financeiro ao conduzir o maior julgamento de doleiros no país, entre 2003 e 2007, no chamado caso Banestado.

    Foram 97 condenados sob acusação de remeter ilegalmente para o exterior US$ 28 milhões por meio de uma agência do Banestado. As multas aplicadas pela Receita somaram R$ 8,4 bilhões.

    Um dos presos naquela época foi Alberto Youssef, detido novamente desde 17 de março em Curitiba, agora alvo da Operação Lava Jato.

    O Banestado foi uma espécie de "pós-graduação prática" para o juiz, que tem mestrado e doutorado em direito. O caso introduziu uma série de novidades no direito penal brasileiro.

    O governo dos EUA enviou mais de um contêiner de documentos para ajudar na apuração, houve delação premiada (quando um réu conta o que sabe para ter uma pena menor) e bens dos condenados foram leiloados, medidas inovadoras à época.

    A experiência no caso o levou ao Supremo Tribunal Federal, onde, em 2012, auxiliou a ministra Rosa Weber, especialista em direito trabalhista, no julgamento do mensalão. Um livro do juiz, "Crime de Lavagem de Dinheiro" (2011), é um dos mais citados no acórdão do mensalão.

    2008/Divulgação
    O juiz sérgio Fernando Moro, da Justiça Federal do Paraná
    O juiz Sérgio Fernando Moro, da Justiça Federal do Paraná

    Moro tem opiniões fortes. Chama o foro privilegiado de "justiça de casta". Em 2009, meses depois que o ministro do Supremo Gilmar Mendes mandou soltar duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, disse que não valia a pena investigar crime de colarinho-branco e que iria se dedicar aos processos sobre narcotráfico.

    Técnico e discreto, Moro é do tipo que pede a jornalistas para que seu nome não seja citado em reportagens. Mas tem humor. Diante da insistência de um repórter em mencionar o seu nome, brincou: "Também não sou Voldemort [personagem de Harry Potter], aquele cujo nome não pode ser pronunciado".

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