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    Para Cerveró, refinaria de Pasadena é motivo de 'orgulho'

    MARIANA HAUBERT
    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    22/05/2014 12h48

    Em sessão esvaziada nesta quinta-feira (22) na CPI da Petrobras, com apenas três senadores da base do governo, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que a refinaria de Pasadena, nos EUA, é motivo de "orgulho" entre os colegas da estatal.

    "Essa refinaria continua operando e operando com lucro. Recentemente, até ganhou um prêmio. Quando a gente compra uma refinaria e depois de sete, oito anos ela vira uma refinaria padrão no mercado americano é motivo de orgulho para todos nós", disse Cerveró, ignorando prejuízo milionário que a compra teve para a Petrobras.

    O ex-diretor da Petrobras afirmou que a compra de Pasadena em 2006 "era uma vantagem" na ocasião. Entre as qualidades da refinaria apontadas por Cerveró estava a localização, a capacidade e a questão de ampliação da mesma. Ele negou que a refinaria seja "um carro velho" ou "um ferro velho". "Não há sucata nenhuma", disse.

    Em 2006, o Conselho de Administração da estatal, à época presidida por Dilma Rousseff, autorizou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que pertencia à empresa belga Astra Oil.

    Somente há dois meses a presidente Dilma criticou o resumo feito por Cerveró por omitir, na transação para compra de metade da refinaria de Pasadena, a existência das cláusulas "Put Option" (determinando em caso de discordância entre as duas partes que a Petrobras seria obrigada a comprar o restante das ações) e "Marlim" (dando à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano).

    Após um processo na câmara internacional de arbitragem, a Petrobras teve que comprar, obrigada por essas cláusulas, a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena acabou sendo um mau negócio e trouxe prejuízo para o Brasil.

    Na opinião de Dilma, Cerveró foi o responsável pelo parecer técnico "incompleto" que orientou o negócio. Todavia, em depoimento na Câmara dos Deputados no mês passado, Cerveró já havia rebatido Dilma, afirmando que as cláusulas não eram importantes e corriqueiras nesse tipo de negócio.

    No depoimento desta quinta-feira, Cerveró brincou afirmando que depois de 40 anos a "gente não deixa de ser Petrobras". "Depois de 40 anos, é um casamento indissolúvel. Não existe divórcio. Eu sou um homem ligado profundamente à Petrobras", disse.

    Cerveró ainda disse que o negócio foi levado "duas vezes à diretoria" da estatal e o negócio foi aprovado por todas as áreas técnicas responsáveis. "Essa avaliação foi feita por todas as equipes relacionadas à compra, alem de uma serie de consultorias externas que estão listadas, todas de primeira linha internacional".

    A oposição boicota a CPI exclusiva do Senado por considera-la "chapa branca" e tenta criar outra, com a participação de deputados e senadores, para também investigar os negócios da Petrobras. Nela, acredita a oposição, haverá mais liberdade para investigar. A Comissão mista deverá começar os trabalhos na semana que vem.

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