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    Dilma não foi responsável, mas todos nós, diz Cerveró sobre Pasadena

    MARIANA HAUBERT
    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    22/05/2014 13h13

    O ex-diretor internacional da Petrobras afirmou nesta quinta-feira (22) que não considera a presidente Dilma Rousseff responsável pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou prejuízo de cerca de R$ 530 milhões para a Estatal.

    "Não considero Dilma responsável porque as decisões são colegiadas e geralmente são aprovadas por unanimidade", afirmou. "A compra de Pasadena [...] é responsabilidade de todos nós. Foi um acerto coletivo", disse.

    Cerveró disse que não queria isentar-se de culpa. "Pelo contrário, eu quero assumir: eu sou coparticipante dessa decisão". As declarações do ex-diretor foram dadas em depoimento até agora esvaziado na CPI "governista" da Petrobras, com apenas três senadores da base.

    A oposição boicota a CPI exclusiva do Senado por considera-la "chapa branca" e tenta criar outra, com a participação de deputados e senadores, para também investigar os negócios da Petrobras. Nela, acredita a oposição, haverá mais liberdade para investigar.

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    A Comissão mista deverá começar os trabalhos na semana que vem.

    O ex-diretor também negou que tenha "enganado" a presidente Dilma. "Não enganei. Se não teria enganado todo o conselho", afirmou. "O conselho aprovou [o negócio] sem restrição e foi até elogiado". Em 2006, o Conselho de Administração da estatal, à época presidida por Dilma Rousseff, autorizou a compra de 50% da refinaria de Pasadena (EUA) que pertencia à empresa belga Astra Oil.

    Somente há dois meses a presidente Dilma criticou o resumo feito por Cerveró, chamando-o de "incompleto", por omitir, na transação para compra de metade da refinaria, a existência das cláusulas "Put Option" (determinando em caso de discordância entre as duas partes que a Petrobras seria obrigada a comprar o restante das ações) e "Marlim" (dando à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano).

    Após um processo na câmara internacional de arbitragem, a Petrobras teve que comprar, obrigada por essas cláusulas, a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena acabou sendo um mau negócio e trouxe prejuízo para o Brasil.

    Durante o depoimento, Cerveró defendeu-se afirmando que "não omitiu essas clausulas". "Nós consideramos que essas cláusulas não tinham interferência e não representavam nenhum impedimento para aprovação do projeto. Todas as informações foram colocadas no resumo, mas evidentemente que não todos os detalhes de um contrato de centenas de páginas", disse.

    Segundo ele, se o Conselho tivesse acesso as clausulas não haveria efeito nenhum. Mais cedo, no início do depoimento, o ex-diretor não só defendeu a compra como afirmou que o negócio é motivo de "orgulho ".

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