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    Atrasos e protestos pareciam condenar a Copa da África do Sul, mas tudo deu certo

    FÁBIO ZANINI
    EDITOR DE "MUNDO"

    26/05/2014 03h00

    "Vá embora, máfia da Fifa!". "Se temos dinheiro para estádios, não podemos ter pessoas sem-teto!".

    As frases poderiam ser slogans gritados na avenida Paulista, mas são de quatro anos atrás. Foram colhidas no dia mais tenso da Copa da África do Sul, 16 de junho de 2010.

    Os anfitriões jogavam em Pretória sua segunda partida, derrota de 3 a 0 para o Uruguai, numa data repleta de simbolismo.

    Naquele dia, em 1976, começou a revolta de Soweto, quando jovens da periferia de Johannesburgo pela primeira vez desafiaram o apartheid.

    O 16 de junho é uma data de mobilização, e no ano da Copa não seria diferente.

    Joel Silva 7.Jun.2010/Folhapress
    Favela Blikkiesdorp, criada para tirar mendigos de áreas turísticas da Cidade do Cabo
    Favela Blikkiesdorp, criada para tirar mendigos de áreas turísticas da Cidade do Cabo

    Em Durban, 3.000 pessoas marcharam contra os gastos do evento. A manifestação foi apoiada por terceirizados que participavam da segurança nos estádios e reclamavam de pagamento atrasado.

    Houve confrontos com a polícia, e os protestos se espalharam para outras cidades. Por um dia o Mundial parecia condenado.

    Num país traumatizado pela remoção forçada de negros durante o regime racista branco, foi pesado o impacto da "limpeza" de regiões próximas a pontos turísticos.

    Na Cidade do Cabo, famílias foram jogadas para uma cidade de lata a 30 km do centro, numa área degradada atrás da pista do novíssimo aeroporto internacional. Para sorte dos organizadores, os sul-africanos não tinham movimento sem-teto organizado.

    Atrasos houve muitos, na construção de estádios e nas obras do "legado" da Copa.

    O Soccer City só ficou 100% pronto a um mês do apito inicial -jamais a Fifa imaginaria que com o Itaquerão seria ainda pior.

    Antes como agora, Jérôme Valcke era o rotweiller em chefe da Fifa, temido e detestado no país.

    Não chegou a ameaçar um chute no traseiro dos organizadores, mas deixou correr solta até o último minuto a versão de que poderia haver um plano B para o Mundial.

    No fim, os protestos acabaram sendo localizados, os estádios funcionaram bem e até Valcke tentou ser simpático.

    Numa entrevista coletiva, disse que, após passar no teste com louvor, a África do Sul é que podia ser o plano B de futuras edições. Saiu abraçado aos membros do comitê local, certamente já pensando no próximo alvo, o Brasil.

    FÁBIO ZANINI, editor de "Mundo", cobriu a Copa como correspondente da Folha no país

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