• Poder

    Monday, 06-May-2024 15:26:02 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Pré-candidata no RS cita Lula e diz que falta de experiência não é problema

    DO ENVIADO A PORTO ALEGRE
    DE SÃO PAULO

    26/05/2014 13h16

    A pré-candidata do PP ao governo do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, citou nesta segunda-feira (26) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para afirmar que a falta de experiência no Executivo não será um problema caso ela seja eleita governadora do Estado.

    "O presidente Lula tinha uma experiência de gestão quando virou presidente? O Fernando Henrique Cardoso era um professor quando foi candidato à Presidência da República", disse a senadora e jornalista durante sabatina promovida pela Folha, pelo portal UOL (ambos do Grupo Folha) e SBT com os principais pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul.

    "Esse argumento da falta de experiência administrativa, todos os exemplos que nós tivemos, especialmente o Lula, que parece o exemplo mais visível. Você pode dizer, mas ele foi presidente de sindicato. Qual é a diferença que tem de governança?", afirmou.

    Senadora eleita em 2010, Ana Amélia também falou da administração de seu gabinete no Congresso Nacional e se comparou a donas de casa para defender sua experiência administrativa.

    "Meu gabinete, eu governo com o princípio da economia e é um dos gabinetes mais eficientes", afirmou. "Eu também sou dona de casa, e uma dona de casa sabe qual é a gestão que você tem que fazer, proporcionalmente. Uma dona de casa que está nos acompanhando agora, ela sabe quando aperta o cinto, vamos cortar aqui, arrumar aqui. Logo em seguida a gente paga todas as dívidas e depois volta a consumir", disse.

    Ana Amélia Lemos foi entrevistada pelos jornalistas Marcelo Coelho, apresentador do SBT Rio Grande, e Diógenes Campanha, repórter da Folha. A sabatina também contou com perguntas de outros jornalistas do SBT, telespectadores e internautas.

    ECONOMIA

    A pré-candidata afirmou que, se eleita, fará um "exercício de economia" e prometeu reduzir a quantidade de secretarias e cortar cargos comissionados para conter os gastos.

    "O meu compromisso é fazer um grande exercício de economia do Estado, gastar menos, porque a receita aumentou R$ 6 bilhões de 2010 para 2013. Em compensação a despesa do Estado aumentou R$ 12 bilhões no mesmo período", afirmou.

    Com a economia, ela afirma que seria possível pagar o piso nacional do magistério. Atualmente o governo de Tarso Genro (PT) paga um complemento ao salário-base dos professores para atingir o piso.

    Ana Amélia criticou a atual divisão de recursos entre os entes da Federação e afirmou que há uma "dependência injusta" em relação aos recursos repassados pela União.

    "Tanto educação como na segurança pública, nós temos aí aquilo sobre a Federação. É de uma injustiça o compartilhamento das receitas com os entes federados, União, Estados e municípios, que não se suporta mais isso. Uma dependência injusta", disse.

    DÍVIDA PÚBLICA

    Sobre o projeto em tramitação no Senado que prevê a renegociação da dívida do Estado, Ana Amélia afirmou que ouviu dos senadores Lindberg Farias (PT-RJ) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) que houve um acordo entre os governadores do Rio Grande do Sul e de Alagoas para que o tema seja votado apenas em novembro, após as eleições.

    O peemedebista é relator do projeto. Rio Grande do Sul e Alagoas são dois dos Estados com as maiores dívidas públicas do país em relação à receita líquida.

    "Espero apenas que o resultado da eleição não venha a modificar as intenções do governo federal com os governadores em função dessa matéria", disse a pré-candidata.

    PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

    A pré-candidata defendeu as PPPs (parcerias público-privadas) em áreas como educação e segurança pública. "Você tem que fazer um exercício de governança criativa sem ter preconceito. Onde é que você pode contar com o setor privado para lhe ajudar nesse esforço?", disse.

    Ela também citou as PPPs como uma saída para resolver a crise no sistema carcerário do Rio Grande do Sul, como a superlotação do Presídio Central de Porto Alegre, considerado o pior do país e conhecido como Carandiru gaúcho.

    "Você faz um contrato de gestão junto com o Estado, com regras absolutamente claras. Tenho certeza que os apenados terão um bom tratamento", afirmou.

    COPA DO MUNDO

    Sobre a realização do Mundial no Brasil, a pré-candidata disse esperar que seja um evento de "paz", sem protestos, e que seja motivo de "orgulho".

    "Eu desejo, como brasileira e gaúcha, que seja uma Copa de paz, de harmonia, e que não seja aquilo que a gente está com receio de que aconteça, alguns protestos, como já aconteceram. Mas que o país saiba, apesar das dificuldades, realizar uma Copa que nos orgulhe, e não aquilo que diz o jogador Ronaldo", afirmou.

    Na sexta-feira (23), em entrevista à agência de notícias Reuters, o ex-jogador Ronaldo disse se sentir "envergonhado" por problemas na organização do mundial de futebol.

    MOVIMENTOS SOCIAIS

    A senadora disse não concordar com "nenhuma palavra" das declarações do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que, em um vídeo gravado no final de 2013 e divulgado em fevereiro, referiu-se a índios, quilombolas, gays e lésbicas como "tudo o que não presta".

    "Ele é responsável, uma pessoa adulta e responde por ele. O PP também já disse que esse não é o pensamento do partido. Num regime democrático, você tem que aceitar opinião mesmo que não concorde com nada desse conteúdo", afirmou.

    Em 2010, a administração da campanha de Ana Amélia ao Senado doou R$ 50 mil para a candidatura de Heinze. Segundo o PP, o auxílio também foi dado a outros correligionários que disputaram aquela eleição.

    A pré-candidata prometeu que os movimentos sociais terão "voz e vez" em seu eventual governo e ressaltou que eles precisarão ter uma relação "respeitosa" com a gestão. "Penso até em fazer uma estrutura para que eles tenham participação, no processo de governo, nas demandas que têm", declarou.

    CORRUPÇÃO

    "Não tenho, não tive e não terei nenhum compromisso com o erro", disse a senadora ao comentar a condenação, na semana passada, de 29 réus por envolvimento no desvio de R$ 44 milhões no Detran-RS. As irregularidades, investigadas pela Operação Rodin, da Polícia Federal, ocorreram entre 2003 e 2007, período em que o órgão foi comandado pelo PP da senadora.

    Ana Amélia procurou se distanciar do caso. "Eu estava filiada ao partido em 2010, então não tinha nenhuma participação no processo administrativo, não era governo. Eu era jornalista. Tenho que explicar os meus erros, os meus atos, e não os atos alheios, mesmo que envolvam pessoas do meu partido."

    Ela afirmou ainda que "quem cometeu irregularidades tem que pagar pelo que foi feito". "Se você cobra do outro partido, que também tem envolvimento em outros casos rumorosos, não há coerência se você não achar que também tem que cortar na carne".

    GOVERNO YEDA

    Ana Amélia afirmou não ter constrangimento em receber o apoio da ex-governadora Yeda Crusius (PSDB), que não conseguiu se reeleger em 2010 e chegou a ser ameaçada de impeachment durante sua gestão. A tucana, excluída da ação penal da Operação Rodin, ainda responde por improbidade administrativa em um dos processos decorrentes do caso.

    "A governadora Yeda Crusius fez um trabalho elogiado nacionalmente na gestão pública", disse.

    Yeda foi ao lançamento da pré-candidatura de Ana Amélia, no sábado passado, na Assembleia Legislativa do RS, embora não tenha sido citada pelo presidenciável de seu partido, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presente no evento. Houve, no entanto, menções a políticos de outros Estados, como o governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP), o vice-governador de Goiás, José Eliton (PP), e o ex-governador de Santa Catarina Espedirião Amin (PP).

    Para a senadora, a omissão da presença de Yeda "é só um detalhe". "Tem alguma relevância isso a não ser buscar pelo em ovo? Não existe constrangimento nenhum de nossa parte. Vamos respeitar todas as pessoas da nossa aliança", declarou.

    Além do PSDB, o Solidariedade também fechou apoio à pré-candidatura de Ana Amélia.

    DISPUTA NACIONAL

    Sobre o fato de seu partido, no plano nacional, tender a apoiar a reeleição da presidente da República, enquanto no Estado dará palanque ao presidenciável Aécio Neves (PSDB), Ana Amélia disse que apoio do PP a Dilma Rousseff (PT) é vontade pessoal do presidente da legenda, Ciro Nogueira. Ela cobrou que a decisão final seja tomada no voto, na convenção partidária.

    Ana Amélia Lemos teve sua pré-candidatura ao governo gaúcho lançada no último sábado (25), em evento em Porto Alegre, ao lado de Aécio, pré-candidato à Presidência.

    Ela confirmou que foi consultada para eventualmente ser candidata a vice-presidente na chapa de Aécio, mas que o lançamento de sua pré-candidatura sepultou essa possibilidade.

    Carlos Eduardo Quadros/FotoArena/Folhapress
    Aécio Neves participa do lançamento da pré-candidatura da senadora Ana Amélia Lemos ao governo gaúcho
    Aécio Neves participa do lançamento da pré-candidatura da senadora Ana Amélia ao governo gaúcho
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024