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    Gabrielli recua e diz que Petrobras analisava contratos de Abreu e Lima

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    26/05/2014 17h15

    Em documento encaminhado nesta segunda-feira (26) à CPI da Petrobras, o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli diz que alguns aditivos e contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foram submetidos à diretoria executiva da Petrobras.

    A afirmação representa um recuo em relação ao depoimento prestado por ele à comissão de inquérito na semana passada.

    No depoimento, Gabrielli disse que a refinaria Abreu e Lima tinha um conselho de administração próprio, que tomava decisões sobre a assinatura de novos contratos e aditivos sem submetê-las ao comando da estatal.

    A Petrobras divulgou nota um dia depois da presença da Gabrielli na CPI para afirmar que "todos os contratos e aditivos da refinaria foram submetidos previamente" aos seus órgãos competentes.

    No documento, o ex-diretor afirma agora que alguns contratos e aditivos eram levados diretamente à refinaria, mas outros passavam pela diretoria executiva da Petrobras.

    "Os aditivos e contratos da Rnest [Refinaria de Abreu e Lima] passavam pela análise e aprovação de vários órgãos da empresa antes de serem encaminhados à Refinaria de Abreu e Lima. Alguns, em razão de valor ou de matéria, eram submetidos à diretoria executiva da Petrobras", diz Gabrielli.

    O ex-diretor também afirma que os demais aditivos eram "analisados e aprovados por outras autoridades da Petrobras nos seus limites de competência" e que todos eram de responsabilidade executiva da refinaria.

    Gabrielli justifica sua declaração ao afirmar que saiu da estatal em fevereiro de 2012 e respondeu a um "expressivo número de perguntas" de diversos assuntos na CPI.

    No documento, o ex-diretor admite que, durante seu depoimento à comissão de inquérito, afirmou que "os aditivos não chegam à diretoria da Petrobras", portanto a estatal "não tem como falar sobre os aditivos porque eles não chegaram à diretoria da Petrobras, porque eles eram resolvidos no âmbito da Rnest".

    Em entrevista ao deixar a sessão da CPI, Gabrielli também afirmou que a refinaria funcionava como uma subsidiária da Petrobras e tinha a "competência" de tomar as decisões sobre aditivos e contratos. O ex-presidente chegou a afirmar que a mesma sistemática ocorria com a BR Distribuidora, que "toma decisões sem a diretoria da Petrobras tomar conhecimento".

    Na nota que desmente Gabrielli, a Petrobras afirma que está "equivocada" a informação divulgada pelo ex-presidente porque são realizadas pelo comando da estatal análises técnicas, comerciais, tributárias e jurídicas sobre os contratos e aditivos da Abreu e Lima.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    CPI da Petrobras ouve o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli, no Senado
    CPI da Petrobras ouve o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli, no Senado

    INVESTIGAÇÕES

    Presidente da CPI, o senador vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que vai ler durante reunião da comissão de inquérito do Senado nesta terça-feira (27) as explicações encaminhadas por Gabrielli. "Por estar muito tempo fora da companhia, ele não sabe se a Petrobras atualizou os seus protocolos", afirmou Vital.

    A CPI ouve nesta terça (27) a presidente da estatal, Graça Foster, que vai falar sobre a compra da refinaria de Pasadena. Na quinta-feira (29), será a vez da comissão ouvir o ministro José Jorge, do TCU (Tribunal de Contas da União), que investiga a compra da refinaria no Texas (EUA) –que não pretende comparecer ao depoimento.

    Por ser convite, o ministro do TCU não é obrigado a participar da reunião da CPI. Em conversas com aliados, José Jorge diz que não pretende atender o convite porque está impedido de falar publicamente sobre um tema que está sob investigação do tribunal, sob pena de colocar em risco a apuração.

    "O convite foi para saber como anda o processo de investigações no TCU. Ele pode responder sem prejudicar a permanência dele como relator", rebateu Vital.

    Também foi chamado a depor na quinta Jorge Zelada, ex-diretor internacional da Petrobras que foi indicado pelo PMDB para o cargo após a saída de Nestor Cerveró.

    CPI MISTA

    A oposição, que abandonou a CPI do Senado –onde a base aliada formava ampla maioria–, quer instalar a comissão mista de inquérito para investigar a estatal nesta semana. Termina na terça-feira (27) o prazo para o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicar os membros da CPI mista.

    O PT do Senado ainda não escolheu os integrantes, mas pretende fazê-lo até esta terça, evitando que Renan indique por conta própria os governistas que vão participar das investigações.

    Na última quinta (22), o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), anunciou os nomes do partido para integrar a CPI mista da Petrobras, que deverá ter início na semana que vem. O partido foi o último a fazer as indicações na Casa.

    O relator deverá ser o ex-presidente da Casa, deputado Marco Maia (RS). Com ele, integrará a comissão o deputado Sibá Machado (AC). Como suplentes, Vicentinho indicou Afonso Florence (BA) e Iriny Lopes (ES).

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