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    'Compra de Pasadena não seria feita novamente hoje', diz Graça Foster

    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    27/05/2014 14h06

    Em depoimento à CPI "governista" do Senado nesta terça-feira (27), a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que, com as informações atuais, a estatal não compraria a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O prejuízo foi de US$ 530 milhões

    Graça definiu a negociação como positiva na época, mas "a avaliação à luz atual não foi um bom negócio". "Em um futuro próximo é possível que haja melhoria. Mas não seria feita novamente hoje [com] as informações que temos", disse.

    Veja como foi a participação de Graça na CPI

    Ela admitiu que "a compra de Pasadena é um negócio de baixo potencial de retorno pelos investimentos feitos", mas isentou a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade no negócio. Em 2006, o Conselho de Administração da Petrobras, à época presidido por Dilma Rousseff, autorizou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, que pertencia à empresa belga Astra Oil.

    Somente há dois meses a presidente Dilma criticou o resumo feito pelo então diretor internacional, Nestor Cerveró, chamando-o de "incompleto", por omitir, na transação para compra de metade da refinaria, a existência das cláusulas "put option" (determinando em caso de discordância entre as duas partes que a Petrobras seria obrigada a comprar o restante das ações) e "Marlim" (dando à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano).

    Após um processo na Câmara Internacional de Arbitragem, a Petrobras teve que comprar – obrigada por essas cláusulas – a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena acabou sendo um mau negócio e trouxe prejuízo para o Brasil.

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    No depoimento, Graça repetiu a versão da presidente Dilma de que o resumo entregue ao conselho de administração não mencionava as cláusulas "Put Option" e "Marlim". Também disse que, no resumo, não constava a condição de compra dos 50% restantes da refinaria, que gerou o mau negócio para a Petrobras.

    Graça explicou que se as cláusulas fossem apresentadas "certamente demandariam grande discussão". "Em especial, se os riscos estivessem sido explicitados", disse. Na opinião dela, com essas informações, era possível que o negócio "não tivesse acontecido".

    Questionada se a presidente Dilma Rousseff era responsável pelo negócio, Graça afirmou que não. "[Os responsáveis são] primeiramente a diretoria da Petrobras que aprova e recomenda. Depois, o conselho aprovou por unanimidade. Então somos todos nós."

    Em resposta aos senadores, ela negou que a refinaria seja considerada "sucata velha", uma das criticas feitas em relação à compra da refinaria. "Não encontra nos relatos, nos documentos, nenhum relato dizendo que essa refinaria [na época] era uma sucata velha. Essa refinaria sim precisava de investimentos".

    Graça afirmou ainda que buscar o refino no exterior foi o que despertou o interesse em Pasadena. De acordo com a presidente da Petrobras, Pasadena tinha um terreno muito grande e a localização muito boa e "construir uma refinaria nos EUA não é trivial". A presidente da Petrobras afirmou ainda que não houve nenhum parecer contrário à compra da refinaria entre todas as consultorias contratadas pela Petrobras.

    Apenas cinco senadores governistas acompanharam o depoimento de Graça na CPI do Senado que investiga a Petrobras. A oposição boicota a CPI exclusiva do Senado por considerá-la "chapa branca" e tenta criar outra, com a participação de deputados e senadores, para também investigar os negócios da Petrobras. Nela, acredita a oposição, haverá mais liberdade para investigar.

    A CPI do Senado aprovou, antes do depoimento de Graça começar, a convocação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no dia 17 de março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Costa foi solto na semana passada.

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