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    Conselho de Ética da Câmara ainda não recebeu defesa de Vargas

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    28/05/2014 17h17

    O deputado André Vargas (sem partido-PR) tem até esta quarta-feira (28) para apresentar sua defesa por quebra de decoro parlamentar ao Conselho de Ética da Câmara, que pode ser feita por escrito.

    Vargas foi flagrado em diálogos com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operacao Lava Jato, da Polícia Federal, que desmontou um esquema milionário de lavagem de dinheiro.

    Caso não apresente sua defesa, Vargas conseguirá mais de tempo no processo já que o conselho terá que designar um defensor substituto que terá dez dias para apresentar uma defesa do parlamentar.

    Para agilizar o trâmite, o presidente do colegiado, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), questionou o deputado Eurico Júnior (PV-RJ) para fazer esta defesa. Ele não é membro do Conselho de Ética mas já aceitou a incumbência caso Vargas se omita de apresentar seus argumentos nesta quarta.

    Afastado desde o mês passado, Vargas "[retomou]": o seu mandato na Câmara no início de maio para poder se defender no processo. Acaba hoje o prazo para ele apresentar sua defesa. Segundo o relator do processo contra o deputado, Júlio Delgado (PSB-MG), nenhuma comunicação foi apresentada até esta publicação.

    No dia 23 de maio, o PT entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a perda do mandato de Vargas por infidelidade partidária. O autor do pedido é o advogado do PT, Marcio Silva.

    Os motivos sustentados pelo partido são quebra das diretrizes partidárias e abandono da legenda pelo deputado. O fundamento do pedido é baseado na resolução 22610/2007, que trata de infidelidade partidária. "A resolução lista hipóteses de justa causa e não foi nenhuma delas que ele arguiu para sair do partido", disse Silva.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O deputado federal André Vargas (Sem partido-PR) no plenário da Câmara dos Deputados
    O deputado federal André Vargas (sem partido-PR) no plenário da Câmara dos Deputados

    CASO

    Vargas é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões. O parlamentar também viajou com a família em um jatinho emprestado pelo doleiro e é acusado de ter usado sua influência política para facilitar negócios de Youssef.

    Foi o doleiro Youssef quem conseguiu financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para o laboratório Labogen por meio de "contatos políticos", segundo depoimento à Polícia Federal de um dos sócios da empresa, Leonardo Meirelles.

    A Labogen foi usada por Youssef para fazer remessas ilegais ou internalizar US$ 37 milhões (R$ 84 milhões) com a simulação de importações e exportações, segundo a PF. O financiamento de R$ 31 milhões para a Labogen foi cancelado pelo Ministério da Saúde, após a Folha questionar a instituição sobre suspeitas da PF.

    Segundo interceptações de mensagens feitas pelas PF, um dos contatos políticos de Youssef é Vargas. Em uma das mensagens, revelada pela Folha, Youssef e Vargas falam sobre a Labogen, segundo relatórios da Operação Lava Jato.

    Em março, a Folha revelou que Vargas viajou com a família em um jatinho emprestado por Youssef. Durante a crise, Vargas renunciou ao cargo na vice-presidência da Casa e logo depois pediu desfiliação do PT.

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