Hackers que invadiram o sistema do Ministério das Relações Exteriores divulgaram nesta sexta-feira (30) mais de 300 documentos que dizem ter roubado do Itamaraty. As correspondências foram espalhadas em sites pelo grupo intitulado "Anonymous".
Boa parte dos papeis tem timbre e segue o padrão adotado nas comunicações internas do ministério –vários deles com classificação de "secreto" ou "sigiloso".
Outros, no entanto, não seguem modelo de correspondências da diplomacia.
Procurado pela reportagem, o ministério disse que não confirmaria a veracidade dos documentos.
Há registros de propostas de acordos comerciais internacionais –cujas negociações estão em andamento–, bastidores de reuniões entre autoridades de diferentes países e relatórios endereçados à Presidência da República.
Um dos telegramas divulgados pelos hackers com timbre de "sigiloso" relata discussões sobre a resolução da Assembleia Geral da ONU que condenava o referendo da Crimeia –região ucraniana hoje anexada pelos russos.
Entre os documentos que não seguem o padrão da diplomacia e cujo teor sugere terem sido extraídos de e-mails trocados com integrantes de outros órgãos do governo federal estão duas comunicações que mencionam a Copa do Mundo.
Um dos relatórios detalha a ordem de chegada de autoridades como ministros e secretários de Estado de cinco países e do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki Moon, ao Brasil. O outro trata das estratégias de segurança que foram traçadas por órgãos brasileiros para o Mundial.
Este documento aborda a preparação de aeroportos e bases aéreas para o embarque e desembarque das seleções. Diz ainda que, durante reunião, foi exibido um "plano de ação contra protestos, no qual inclui saídas emergenciais e proteção de infraestruturas críticas".
A invasão do sistema do Itamaraty foi noticiada nesta terça-feira (27) pela Folha. Na ocasião, o ministério não revelou quantos e quais os tipos dos documentos que haviam sido acessados.
A reportagem mostrou que foram hackeados e-mails, intranet (rede interna dos funcionários) e alguns documentos do Intradocs, sistema interno que reúne as comunicações diplomáticas, anexados a e-mails violados.
Conhecido na internet como AnonManifest, o hacker que assumiu ter invadido a rede do Itamaraty disse à Folha que ainda tem acesso ao sistema e prometeu novos ataques durante a Copa.
"Daqui para a frente, é 'cyberterror' total contra o governo e grandes corporações envolvidas na Copa", disse, via mensagens fechadas no microblog Twitter. O Itamaraty negou que o hacker ainda tenha acesso ao sistema.
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