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    Inacabada, transposição do rio São Francisco deve ter dois novos eixos

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    31/05/2014 02h00

    Apesar de obras da transposição ainda estarem em andamento, com orçamento quase dobrado e ao menos três anos de atraso, o governo já prepara a construção de dois novos canais que desviarão água do rio São Francisco.

    Os projetos dos eixos sul e oeste deverão ser contemplados na terceira etapa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ser lançado em agosto deste ano.

    A principal novidade será a opção pela contratação do projeto via RDC (Regime Diferenciado de Contratação), com o objetivo de "evitar erros" cometidos nos eixos leste e norte, cuja obra foi dividida em vários lotes, todos contratados pela lei de licitação. O RDC permite que todas etapas de um mesmo empreendimento possam ser tocadas por uma única empresa.

    "O governo reconhece que a estratégia adotada inicialmente [com a lei de licitações] se mostrou pouco adequada", diz Elmo Vaz, presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

    As deficiências contratuais e de gestão na construção dos eixos atuais fizeram o preço da obra saltar de uma estimativa inicial de R$ 4,6 bilhões para os atuais R$ 8,2 bilhões. O prazo de entrega da obra da transposição foi adiado de 2012 para 2015.

    A decisão pelo RDC foi tomada no momento em que o governo tenta emplacar no Congresso mudanças na legislação para permitir o uso do modelo em todas as licitações e contratos federais, de Estados e de municípios.

    Com a previsão de ter 350 km de canais, o eixo sul da transposição vai atender a Bahia e Sergipe com a perenização dos rios Vaza-Barris e Itapicuru.

    Segundo a Codevasf, a água servirá para garantir o abastecimento em cidades como Senhor do Bonfim e Capim Grosso (BA), além de levar água para os perímetros irrigados existentes na região. O anteprojeto já foi licitado, e os estudos de viabilidade estão em curso.

    O eixo oeste, com estudos em fase de licitação, vai abastecer o Piauí e deverá ser composto por mais de um canal. Além da água do rio São Francisco, existe a possibilidade de retirar água do aquíferos do vale do rio Gurgéia, no sul do Piauí. O objetivo principal é fazer a água chegar à barragem de Petrônio Portela, que fica numa das regiões mais secas e pobres do Estado nordestino.

    Um dos principais críticos da transposição, o bispo da cidade de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que chegou a fazer greve de fome em 2005 e 2007 contra os desvios no São Francisco, chama de "eleitoreira" a possibilidade de construção dos novos canais.

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