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    Ex-diretor diz que teve relação 'técnica e amistosa' com Dilma

    MARIO CESAR CARVALHO
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    01/06/2014 02h00

    Paulo Roberto Costa diz que foi indicado para o cargo de diretor de abastecimento da Petrobras, que ocupou de 2004 a 2012, pelo PP. Seu padrinho político foi o deputado José Janene (PP), ligado ao doleiro Alberto Youssef. É preciso, porém, competência técnica para ser aprovado pelo conselho, segundo Costa.

    *

    Folha - Numa agenda sua, apreendida pela PF, aparecem nomes de empresas com anotações sobre promessas de doações políticas. O sr. arrecadava fundos para alguém?
    Paulo Roberto Costa - Esse documento não foi escrito por mim. Eram ações que iam ser tomadas e não foram. Era arrecadação legal.

    Para qual partido?
    Era uma ação de apoio para uma candidatura. O nome eu não posso falar. Participei da reunião, mas não posso falar quem estava lá.

    03.jun.2011 - Roberto Stuckert/PR/Divulgação
    Dilma Rousseff rodeada por Sérgio Gabrielli (à esq.), Graça Foster e Paulo Roberto Costa
    Dilma Rousseff rodeada por Sérgio Gabrielli (à esq.), Graça Foster e Paulo Roberto Costa

    Há fornecedores da Petrobras na lista que o sr. conhecia.
    Tinha fornecedor da Petrobras e outros que não eram. Eu não era mais diretor quando houve essa reunião. Foi uma semana ou 15 dias antes de eu ir para o lugar que fui [ao ser preso, em março].

    O sr. virou diretor da Petrobras por indicação política?
    Quem me indicou foi o PP. Mas eu tinha uma longa carreira. Havia entrado em 1977 por concurso e estava lá há 27 anos. Tinha também diretores indicados pelo PMDB.

    O PP pediu algo em troca?
    Refinaria gera mais imposto e emprego, o que é bom para deputado, governador.

    Só isso? Não é pouco crível?
    Eu não tive cobrança de partidos na Petrobras.

    Dizem que a presidente Dilma não gostava do sr. por causa das suspeitas de corrupção.
    Ela nunca me falou isso pessoalmente. Tivemos uma relação técnica e amistosa. Nunca tive problemas com ela e ela foi presidente do conselho de administração [da Petrobras]. Nossa relação sempre foi muito próxima.

    Dilma nunca fez reparos ao trabalho do sr.?
    Nunca. Ela foi várias vezes à refinaria Abreu e Lima e sabe disso tudo que eu te falei. O presidente Lula e a presidente Dilma iam visitar [as obras] de Abreu e Lima e perguntavam como estavam as coisas. Eu dizia que tinha problemas porque tinha de fazer três vezes a mesma licitação por causa dos preços altos. Minha relação com ela sempre foi de muito respeito.

    Dizem que o presidente Lula gostava do sr. É verdade?
    A minha relação com o presidente Lula sempre foi amistosa e de respeito.

    O sr. concorda que a compra da refinaria de Pasadena foi um péssimo negócio?
    Na época não foi um mau negócio. A Petrobras chegou em 2004, 2005 a exportar 700 mil barris de petróleo. Não é bom negócio exportar barris. É bom exportar derivados, porque você agrega valor. Eu não participei da negociação de Pasadena. Já falaram até que participei ilicitamente.

    É verdade que o sr. caiu em depressão na prisão e chorou?
    Nunca chorei. Minha mulher dizia que eu era como árvore em tsunami: verga, mas não quebra. O que me magoou é a quantidade de inverdades que falaram sobre a minha pessoa. Eu tive 35 anos de Petrobras e meu zelo sempre foi muito grande. Podem investigar o que quiserem. A Petrobras é uma empresa extremamente séria.

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