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    Após prisão, petista enriqueceu, elegeu-se deputado e colecionou aliados

    ROGÉRIO PAGNAN
    GUSTAVO URIBE
    ANDRÉ MONTEIRO
    MÁRIO CÉSAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    01/06/2014 02h00

    Foi durante o processo de regularização do transporte clandestino, no governo de Marta Suplicy (2001-2004), que Luiz de Moura Pereira ganhou projeção em São Paulo.

    Com a ajuda do irmão Senival Moura, o ex-presidiário dava ali uma guinada radical na vida: de foragido da Justiça tornou-se em pouco tempo um dos principais dirigentes do transporte alternativo da zona leste.

    No período, ganhou aliados importantes, como o atual secretário de Transporte de São Paulo, Jilmar Tatto, que o ajudou a se eleger deputado estadual em 2010 com doações que, somadas, ultrapassaram R$ 200 mil.

    Na mesma proporção, porém, fez inimigos. Por seus detratores, é descrito como um homem que impôs seu domínio no extremo leste à base da "truculência" –chegou a ser apelidado de "lampião".

    Seu estilo desagradou a um grupo de padres influentes no extremo leste. Um deles chegou a proibir o deputado de frequentar sua paróquia.

    Nas últimas semanas, Luiz Moura ganhou evidência após a revelação de que ele participou de reunião na qual estavam presentes ao menos 13 integrantes da facção criminosa PCC, segundo investigação da Polícia Civil.

    O encontro ocorreu na sede da Transcooper, cooperativa da qual faz parte e que, em 2012, lucrou R$ 2,6 milhões na capital paulista.

    Moura nega envolvimento com o crime organizado e diz ser vítima de uma perseguição política e da mídia. A Folha procurou sua assessoria novamente na sexta-feira, mas não teve retorno.

    A truculência também é uma queixa recorrente de correligionários na região em Guaianases. Em 2010, na campanha à Assembleia Legislativa, candidatos petistas reclamaram que materiais de campanha eram retirados por militantes ligados a Moura para evitar a divisão dos votos da região.

    Moura filiou-se ao partido em 2006, logo após ter conseguido livrar-se de uma pena de 12 anos de prisão por dois assaltos à mão armada, no Paraná e em Santa Catarina.

    Ele fugiu da cadeia em 1994 e ficou foragido por dez anos. Reapareceu em 2002 quando as penas de seus crimes passaram a ser consideradas pela Justiça como prescritas (perderam a eficácia).

    A banca de advocacia que conseguiu a chamada reabilitação criminal de Moura, a "Advocacia Minichillo", é chefiada por advogados suspeitos de ligação com o PCC –investigações da Polícia Federal apontaram elo entre criminosos e o advogado Eliseu Minichillo de Araújo.

    Araújo foi expulso do PMDB em 2006 quando tentava ser deputado estadual em São Paulo.

    POBREZA

    Chama a atenção também a reabilitação financeira de Moura. Num documento que apresentou à Justiça em 2005 para se livrar do histórico criminal, ele se declarou "pobre". Cinco anos depois, informou ter acumulado patrimônio superior a R$ 5 milhões.

    Entre seus bens, estavam uma empresa de ônibus (a Happy Play Tour) e postos de combustíveis. Um dos postos é o preferido do parlamentar para abastecer o veículo oficial. Luiz Moura gastou mais de R$ 10 mil ali, segundo prestação de contas à Assembleia Legislativa.

    Moura diz querer disputar a reeleição, mas o noticiário recente pode atrapalhar seus planos. O diagnóstico do comando do PT é que isso poderia desgastar ainda mais a candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo.

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