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    Sem acordo, greve de metroviários continua hoje em São Paulo

    MÁRIO BITTENCOURT
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
    DE SÃO PAULO

    06/06/2014 05h50

    No segundo dia da greve dos metroviários, três das quatro linhas públicas do metrô estão paralisadas nesta sexta-feira (6) em São Paulo. Apenas as linhas 4-amarela –que é privatizada– e 5-lilás operam normalmente.

    De acordo com o Metrô, a operação não foi iniciada nas linhas "devido ao impedimento da entrada de funcionários nos postos de trabalho por grevistas".

    Ao menos na estação Bresser-Mooca (linha 3-vermelha), a Folha constatou que nas primeiras horas do dia não havia tumulto nem piquetes.

    Para esta sexta-feira, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) informa que os trens circularão com menor intervalo, em todas as linhas, além dos horários considerados de pico, durante a manhã e a tarde.

    A estação Corinthians-Itaquera, na linha 11-coral, que faz integração com a linha 3-vermelha do Metrô, ficará fechada. Para esta estação foi solicitada alteração do itinerário dos ônibus para redistribuir os coletivos nas demais estações.

    A SPTrans informa que o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) foi acionado novamente para reforçar as linhas que atendem as regiões que estão desabastecidas pelos trens do metrô.

    A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu mais uma vez o rodízio municipal de veículos, com exceção para caminhões e veículos de frete. Com isso, as placas com finais 9 e 0 poderão circular pelo centro expandido nos horários de pico sem restrição.

    BRAÇOS CRUZADOS

    Os metroviários de São Paulo decidiram, em assembleia realizada na noite de ontem (5), manter a paralisação da categoria. Houve uma nova audiência com o Metrô durante a tarde, mas não teve acordo.

    Na reunião desta quinta, os metroviários sugeriram reajuste de 12,2% –antes reivindicavam 16,5%–, mas os representantes do Metrô afirmaram que não existe possibilidade financeira de conceder reajuste maior que 8,7%. O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, destacou que o aumento nos benefícios resultarão em aumentos de 10,6% a 13,3%.

    Também na audiência, os metroviários votaram se trabalhariam nesta sexta-feira com a liberação das catracas, o que foi aceito pela categoria. Nessa hipótese, os trabalhadores aceitavam ter os salários descontados pelo dia. A medida, porém, só seria tomada caso o Metrô aceitasse a possibilidade. A empresa, porém, rejeita a ideia.

    DIA DE CAOS

    Ao todo, 24 das 61 estações administradas pelo governo estadual ficaram fechadas na quinta-feira. O funcionamento das outras estações, que ocorreu de forma gradativa durante o dia, só foi possível por conta do deslocamento de outros funcionários do Metrô, como supervisores.

    Segundo a companhia, operaram o trecho entre as estações Luz e Saúde, na linha 1-azul; entre as estações Ana Rosa e Vila Madalena, na linha 2-verde; e entre as estações Tatuapé e Marechal Deodoro, na linha 3-vermelha.

    O Metrô afirmou que os grevistas fizeram passageiros descerem dos trens e seguraram portas para impedir a saída das composições. Policiais militares chegaram a entrar na estação, e os metroviários seguiram em direção à área de embarque da CPTM.

    No final da noite de quinta, o Metrô divulgou uma nota afirmando que a greve de metroviários é covarde e cruel com a população. Ao todo, a empresa estima que 4,5 milhões de pessoas tenham sido afetadas.

    "A decisão [de manter a greve] impõe mais um dia de sofrimento covarde à população e deixa ainda mais clara a irresponsabilidade do sindicato. (...) É ainda um desrespeito com a categoria dos metroviários. A decisão sobre o reajuste já está nas mãos da Justiça. Ou seja, a manutenção da greve é inútil para a negociação", afirma nota da empresa.

    NEGOCIAÇÃO

    Sem progresso nas negociações, o julgamento da greve e a definição do reajuste deveria ocorrer na tarde de sexta-feira (6), mas os metroviários pediram um prazo maior para apresentar sua defesa. Com isso, o julgamento poderá ocorrer no final de semana ou na segunda-feira (9). A data exata será definida pelo magistrado Rafael Pugliese, quando ele receber o processo.

    Enquanto não ocorre o julgamento da greve, continua valendo a determinação da Justiça para que os metroviário mantenham 70% dos trens circulando nos horários normais e 100% nos horários de pico -6h às 9h e das 16h às 19h. A medida, porém, não foi cumprida nesta quinta, o que pode acarretar multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato.

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    RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

    9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
    3.136 operadores
    1.206 oficiais de manutenção
    1.147 seguranças
    1.016 técnicos
    Piso: R$ 1.323,55
    Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
    Data-base: 1º de maio

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    NEGOCIAÇÃO

    Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

    Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

    Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

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    HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
    23.mai.2012
    2 e 3.ago.2007
    14.jun.2007
    15.ago.2006
    17 e 18.jun.2003
    25 e 26.jun.2001
    2.jun.2000
    9.dez.1999
    24.nov.1999

    ¹Em dez.2013
    ²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
    Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET

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