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    Negociação não avança, e greve dos metroviários entra no 3º dia em SP

    DE SÃO PAULO

    07/06/2014 05h00

    A greve dos funcionários do Metrô de São Paulo entra neste sábado em seu terceiro dia. Por volta das 13h, três das quatro linhas operadas pelo Metrô funcionavam parcialmente.

    A linha 1-azul funciona entre as estações Ana Rosa e Luz. A linha 2-verde opera entre Ana Rosa e Clínicas. A linha 3-vermelha está aberta entre as estações Bresser-Mooca e Marechal Deodoro.

    Apenas as linhas 4-amarela –que opera sob concessão– e 5-lilás funcionam sem restrições.

    Segundo o Metrô, 28 das 61 estações operadas pelo governo estadual estão abertas nesta manhã, além das seis estações da linha 4-amarela.

    Estações Ana Rosa, Bresser e Santa Cecilia amanhecem fechadas

    Os metroviários de São Paulo decidiram na noite de ontem (6) manter a paralisação iniciada à 0h de quinta (5). A categoria se reuniu com representantes do Metrô, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), mas não houve avanço nas negociações. Com isso, a Justiça deve julgar a legalidade da greve no domingo (8).

    Na sexta-feira, as três principais linhas de metrô funcionaram parcialmente e o trânsito voltou a registrar índices recordes pela manhã. Também houve piquete por parte dos grevistas, que acabaram sendo retirados da estação Ana Rosa por policiais militares. Foi usada bomba de gás e balas de borracha. Ao todo, 4,6 milhões de pessoas foram afetadas, segundo o Metrô.

    Com a continuação da paralisação neste sábado, essa já é a greve mais longa da categoria ao menos nos últimos 15 anos. A segunda mais longa no período aconteceu em agosto de 2007, quando os metroviários pararam por dois dias.

    Na reunião de ontem, os metroviários voltaram a propor a volta ao trabalho com a liberação das catracas, o que é rejeitado pelo Metrô. "Mantenho a proposta de catraca livre, amanhã nós vamos trabalhar se o governador liberar a catraca", afirmou o presidente do sindicato dos metroviários, Altino de Melo Prazeres Junior.

    A categoria também marcou para hoje uma nova assembleia para discutir o andamento da paralisação. "Mas só vai ter mudança se o governador negociar. Mas ele não está indicando isso. (...) "Vamos segurar essa peteca [a greve] no mínimo até domingo", disse o presidente do sindicato.

    Inicialmente, o sindicato dos metroviários pedia 35,47% de aumento. O valor foi então reduzido para 16,5% (mesmo valor pedido pelo sindicato dos engenheiros do Metrô) e então, na última audiência, para 12,2%. O Metrô ofereceu 5,2%; 7,98% e, finalmente, 8,7%.

    Na reunião de sexta, o desembargador Rafael Pugliese chegou a dar um "sermão" às duas partes e disse que elas deveriam considerar o índice de 9% sugerido pela Justiça.

    Mesmo assim, as duas partes permaneceram irredutíveis. O Metrô disse que chegou ao limite financeiro e não tem condições financeiras de elevar o reajuste para os índices propostos. O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, disse que consultou a diretoria e o secretário, e que não seria possível.

    "Se o Metrô avançar além disse (8,7%) vai comprometer sua independência financeira em relação ao governo do Estado, e isso não podemos permitir", diz Manrich. Ele afirmou ainda que até o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi consultado, mas há possibilidade de aumentar o percentual proposto.

    Já o presidente do sindicato disse que a categoria não aceita menos de dois dígitos e que apostava em uma negociação, mas que o Metrô não se mostra disposto a negociar. "Em vez de tentar diminuir a tensão, o governo joga gasolina para tentar apagar o fogo", diz.

    No término da audiência, Pugliese disse que "lamenta muito que não tenham chegado a um consenso, mas reitera que as partes reflitam e considerem uma possibilidade de acordo". Já Altino disse que além da greve, os piquetes também devem continuar.

    Agora, a Justiça deverá julgar no domingo (8), às 10h, os quatro processos envolvendo as partes: dois dissídios coletivos de greve (um ajuizado pelo MPT-2 e outro pelo Metrô), um dissídio econômico (Metrô) e uma cautelar inominada (Metrô).

    Segundo Pugliese, independente do resultado do julgamento, a legislação determina o fim da greve com a conclusão do processo. Caso contrário, os grevistas poderão ser punidos.

    "Julgada a greve, seja ela abusiva ou não abusiva, ela está encerrada. Depois do julgamento do Judiciário, não é possível ficar na greve, tem que retornar ao trabalho. Manter a mobilização depois da decisão é um exercício irregular de direito, é um abuso de direito. As punições são todas as possíveis: civis, criminais e trabalhistas, cada qual com a sua repercussão", disse o desembargador Rafael Pugliese.

    "São mais de 1.500 páginas [no processo], vamos ter que nos desdobrar de madrugada e no sábado para ler e preparar um estudo para verificar o que é possível fazer para esse julgamento, que é complexo. A principio está marcado para às 10h e vamos tentar cumprir", acrescentou ele.

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    RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

    9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
    3.136 operadores
    1.206 oficiais de manutenção
    1.147 seguranças
    1.016 técnicos
    Piso: R$ 1.323,55
    Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
    Data-base: 1º de maio

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    NEGOCIAÇÃO

    Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

    Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

    Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

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    HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
    23.mai.2012
    2 e 3.ago.2007
    14.jun.2007
    15.ago.2006
    17 e 18.jun.2003
    25 e 26.jun.2001
    2.jun.2000
    9.dez.1999
    24.nov.1999

    ¹Em dez.2013
    ²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
    Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET

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