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    Sem acordo, greve dos metroviários entra no quinto dia em São Paulo

    DE SÃO PAULO

    09/06/2014 05h12

    Os metroviários de São Paulo entram nesta segunda-feira no quinto dia de greve, desafiando a decisão do Tribunal Regional do Trabalho, que considera a paralisação abusiva.

    Três das quatro linhas geridas pelo Metrô- -1-azul, 2-verde, 3-vermelha– estão fora de operação. A linha 4-amarela –que opera sob concessão– e a 5-lilás funcionam normalmente.

    Por volta das 4h, mais de cem trabalhadores se reuniram no interior da estação Ana Rosa. Policiais militares permitiam a entrada no local apenas de funcionários do metrô que apresentavam o crachá e observavam a ação do lado de fora da estação.

    Segundo Raimundo Borges, diretor do sindicato dos metroviários, o ato é em apoio a supervisores que correm o risco de perder o emprego caso não operem os trens. " O governo está realizando desvio de funções", disse o diretor do sindicato.

    Borges disse que não são realizadas vistorias de manutenção dos trilhos desde o início da greve há cinco dias, o que coloca em risco os usuários dos metrô. " As operações de vistoria têm que ser realizadas todos os dias à noite para evitar acidentes", explica.

    Uma nova assembleia da categoria está marcada para as 13h na sede do sindicato para avaliar a continuidade da paralisação. O rodízio de veículos na capital está suspenso, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

    Durante a assembleia realizada neste domingo (8), quatro pessoas falaram a favor da greve e quatro se pronunciaram contra. A continuidade da greve foi decidida pela maioria das pessoas presentes.

    Funcionários que falaram contra a continuidade da greve foram vaiados. "A nossa greve já é vitoriosa. Nós fomos à mesa de negociação, aceitamos negociar. Nós resolvemos jogar esse jogo, e agora veio a decisão", disse um trabalhador.

    "Com ou sem greve, poder haver demissões. O governador [Geraldo Alckmin] odeia a gente. Esses caras são financiados por empresas", disse o presidente do sindicato, Altino Melo Prazeres. Segundo ele, o sindicato vai recorrer da decisão do TRT, e disse que não quer que a greve chegue até a Copa. "Peço desculpas à população. Nós queremos resolver esse impasse o mais rápido possível."

    De acordo com Prazeres, a categoria ainda quer o reajuste de 12,2%, mas aceitariam menos para solucionar o problema. "Pelo menos dois dígitos", disse. Decisão do TRT neste domingo definiu o reajuste em 8,7%.

    Em reunião pré-assembleia, metroviários mostraram-se divididos quanto à continuidade da paralisação.

    JULGAMENTO

    Pela manhã, o grupo de oito desembargadores do TRT determinou ainda que seja dado aos trabalhadores o reajuste salarial de 8,7%, percentual oferecido pelo Metrô, frente à uma inflação de 5,81%. A categoria pedia 12,2%. O último reajuste, de 8%, foi concedido no ano passado, ante INPC de 7,2%.

    Decisão do tribunal fixou em R$ 500 mil por dia a multa para os sindicatos dos metroviários e dos engenheiros caso a paralisação continue após o julgamento. Para os quatro dias de greve anteriores à sessão deste domingo, o valor é de R$ 100 mil ao dia.

    Também por unanimidade, os desembargadores decidiram que os dias parados serão descontados do salário dos grevistas.

    O piso salarial dos metroviários é de R$ 1.323,55. A data-base é de 1º de maio.

    Em nota, o Metrô afirmou que respeita a decisão do TRT e cumprirá as determinações da Justiça. A companhia aguarda o retorno imediato dos empregados ao trabalho para que o sistema volte a operar integralmente. Os excessos apurados durante a greve serão tratados em conformidade com os instrumentos internos e a legislação trabalhista.

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    RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

    9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
    3.136 operadores
    1.206 oficiais de manutenção
    1.147 seguranças
    1.016 técnicos
    Piso: R$ 1.323,55
    Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
    Data-base: 1º de maio

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    NEGOCIAÇÃO

    Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

    Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

    Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

    -

    HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
    23.mai.2012
    2 e 3.ago.2007
    14.jun.2007
    15.ago.2006
    17 e 18.jun.2003
    25 e 26.jun.2001
    2.jun.2000
    9.dez.1999
    24.nov.1999

    ¹Em dez.2013
    ²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
    Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET

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