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    Rio de Janeiro

    Ex-governador do Rio de Janeiro Marcello Alencar morre aos 88 anos

    BERNARDO MELLO FRANCO
    EDITOR INTERINO DO "PAINEL"
    DE SÃO PAULO
    DO RIO

    10/06/2014 09h10

    O ex-governador do Rio Marcello Alencar morreu na madrugada desta terça-feira (10), aos 88 anos, em seu apartamento na praia de São Conrado, na zona sul do Rio.

    Ele era presidente de honra do PSDB e tinha a saúde debilitada por dois AVCs (acidentes vasculares cerebrais). A causa da morte, por volta das 4h15 desta terça, ainda não foi divulgada.

    O velório será realizado na quarta-feira (11), no Palácio da Cidade, em Botafogo (zona sul), das 9h às 14h. Em seguida, o corpo será cremado no Cemitério do Caju, na zona norte.

    O presidente do PSDB do Rio, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, disse à Folha que recebeu a notícia da morte de Alencar através da família do ex-governador. Rocha lembrou que o ex-parlamentar completaria 89 anos no dia 23 de agosto e lamentou a morte do aliado, que já estava afastado das articulações políticas por motivos de saúde.

    "Estou profundamente triste. Ele foi um ícone para todos nos do PSDB e deixou um grande legado nas áreas política e administrativa", afirmou.

    Segundo o deputado, Alencar sofria com problemas de saúde desde que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há 12 anos. Pertenceu a dois partidos: Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual foi fundador, e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que ocupou a presidência durante anos.

    "O Marcelo deixa um legado imenso, quer seja na política, quer seja na gestão administrativa. Ele foi um dos grandes políticos que se rebelaram contra a ditadura e lutaram para trazer a democracia de novo para o nosso país. Sempre dizia que a ditadura roubou dele 20 anos de vida política", afirmou Luiz Paulo Rocha.

    Pedro Carrilho - 15.mai.2010/Folhapress
    O ex-governador do Rio Marcello Alencar
    O ex-governador do Rio Marcello Alencar durante entrevista à Folha em sua casa, em 2010

    Luiz Paulo lembrou a trajetória de Alencar, que era suplente de senador quando teve os direitos políticos cassados pela ditadura militar em 1969. Sem mandato, tornou-se advogado de presos do regime.

    Após a redemocratização, Alencar voltou à política no PDT do ex-governador Leonel Brizola, também perseguido pelos militares. Foi prefeito do Rio por dois mandatos e se elegeu governador em 1994, já no PSDB.

    "Como gestor, tirou a prefeitura da falência e modernizou o Estado com as primeiras concessões na área de transportes, com obras importantíssimas na área do metrô de Botafogo a Copacabana (zona sul), Triagem a Pavuna (zona norte). Ele deixou um legado muito forte", acrescentou Luiz Paulo.

    Alencar era um político irreverente, que costumava despachar de pés descalços e fazia piada com o apelido de "Velho Barreiro", referência ao gosto pela bebida.

    À semelhança de Brizola, rompeu com muitas de suas crias políticas, como o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em meio a uma troca de acusações de corrupção. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também deixou o partido após se desentender com ele.

    Em nota oficial de pesar, Paes afirmou que "o Rio perdeu hoje um de seus filhos mais ilustres" e disse que Alencar "foi uma referência e uma inspiração desde o início da minha vida pública". O prefeito decretou luto oficial de três dias.

    O governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), também emitiu nota oficial, na qual afirmou que "com seu característico bom humor, Marcello Alencar fez diferença na política brasileira". Pezão afirmou ainda que "o saneamento das contas da Prefeitura do Rio foi uma das suas mais importantes contribuições para o município. Como governador, senador da República e prefeito, sempre lutou pela população fluminense."

    Mesmo doente, o ex-governador se manteve no comando da legenda no Rio até as eleições de 2010, quando articulou o lançamento de Fernando Gabeira (PV) ao governo do Estado. "Tenho que ter sempre a última palavra. Para ser obedecido ou desobedecido", disse Alencar à Folha, há quatro anos.

    MENSAGENS

    "É mais um grande personagem da história da democracia brasileira que perdemos. Nossa despedida a um grande brasileiro: Marcello Alencar. O país perde um grande brasileiro! Faleceu nesta madrugada o ex-prefeito e ex-governador do Rio, Marcello Alencar", disse em nota o PSDB-RJ.

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    "Marcello Alencar deixa seu legado político marcado na história do Rio de Janeiro. O saneamento das contas da Prefeitura do Rio foi uma das suas mais importantes contribuições para o município. Sempre lutou pela população fluminense, além de manter-se incansável na defesa dos direitos humanos durante o regime militar. Com seu característico bom humor, Marcello Alencar fez diferença na política brasileira." Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

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    "Em nome dos tucanos de todo o país, lamento profundamente a morte de Marcello Alencar. O Rio de Janeiro e o Brasil perdem um político sério, um homem honrado e um defensor dos direito humanos." Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência da República.

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    Em sua conta no Twitter, o deputado estadual Otavio Leite (PSDB) também prestou homenagem ao postar uma foto com o ex-governado com a mensagem: "Meu amigo, professor e minha referência política".

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    "Com pesar, recebi a notícia de que o ex-governador do Rio Marcello Alencar faleceu." Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, via Twitter.

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