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    Vandalismo motivou demissões de metroviários, diz Alckmin

    CESAR SOTO
    GUILHERME MAGALHÃES
    DE SÃO PAULO

    10/06/2014 12h48

    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse na manhã desta terça-feira (10) que o governo não pretende rever as 42 demissões de metroviários anunciadas nesta segunda (9), após cinco dias de greve da categoria.

    "As demissões ocorridas não foram em razão de greve. Nenhum grevista foi demitido. Elas foram em razão de outros fatos, e fatos graves, como invasão de estação, de depredação, vandalismo", afirmou o governador em entrevista coletiva, após falar na abertura do Fórum Empresarial América Latina Global 2014, realizado no Auditório do Ibirapuera.

    Alckmin disse ainda que o governo não pretende demitir nenhum outro metroviário, caso permaneçam trabalhando. "Voltando ao trabalho não tem nenhuma demissão. O governo não quer demitir ninguém. Agora, o governo tem o dever de garantir as 5 milhões de pessoas que querem trabalhar e que precisam do metrô."

    Sobre a ameaça de greve nesta quinta-feira (12), data de abertura da Copa do Mundo, o governador considera que uma paralisação seria oportunista. "Seria um enorme oportunismo exatamente no dia da abertura da Copa fazer greve. Então espero que não haja um grupo querendo fazer bagunça pela bagunça, caos pelo caos", acrescentou.

    A greve começou na última quinta-feira (5) e foi suspensa por dois dias em votação na assembleia da categoria na noite desta segunda-feira (9).

    DEMITIDOS

    "Não teve nada de vandalismo. Isso é uma estratégia do Alckmin de colocar a população contra os metroviários", diz Camila Lisboa, 29, que recebeu na manhã desta segunda-feira, em sua casa, o telegrama anunciando sua demissão.

    Ela era agente de estação na Marechal Deodoro, da linha 3-vermelha, é diretora de base do sindicato, e conta que participou de piquetes em todos os dias desde o início da greve.

    "O que a gente fazia era o seguinte: o trem parava e a gente ficava na porta do trem pra ele não andar. Eu desafio o governo do Estado a apresentar alguma prova de vandalismo", afirma.

    Ela conta que alguns dos demitidos ainda são desconhecidos, já que muitos estão recebendo os telegramas apenas nesta terça-feira, mas que ao menos oito deles são diretores do sindicato.

    Bruno Bezerra da Rocha, 27, outro dos diretores do sindicato demitidos, era agente de estação na Ana Rosa. "Eu estava ajudando os companheiros na estação e me identifiquei à PM. Logicamente entrei na lista de demissões."

    Durante a assembleia dos metroviários, Diego Madureira, que também recebeu o telegrama, afirmou que não participou de nenhum piquete ou ação do sindicato e mesmo assim foi demitido.

    ABUSO

    A Justiça já havia determinado no domingo (8) que a greve era abusiva. Mesmo assim, a categoria havia decidido manter a paralisação.

    Também já estava definido pela Justiça o reajuste de 8,7% –mesmo percentual proposto pelo Metrô. Os metroviários pediam 12,2%. O último reajuste da categoria foi de 8% frente a um INPC de 7,2%, no ano passado. O piso atual é de R$ 1.323,55.

    CONFUSÃO

    O secretário de Transportes, Jurandir Fernandes, chegou a anunciar a demissão de 61 metroviários pela manhã, mas o número foi revisto. Segundo o Metrô, ele considerou as 42 demissões, mais 19 pessoas que foram detidas durante uma confusão na estação Ana Rosa. Posteriormente, porém, foi confirmado que apenas 13 detidos eram metroviários.

    A empresa afirmou que esses funcionários levados à delegacia também serão demitidos, o que elevará o número de demissões para 55. Os 13 detidos foram liberados após assinarem um termo circunstanciado (crime de menor gravidade), por paralisação de trabalho de interesse coletivo.

    O Metrô disse que "a demissão por justa causa de empregados quando ocorrer uma das hipóteses previstas no artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)". O artigo aponta como justificativa para a demissão o abandono de emprego, ato de indisciplina, mau procedimento, entre outros.

    Segundo a Polícia Militar, os manifestantes impediram que trabalhadores dissidentes da greve trabalhassem. "Conversamos de 4h às 6h com os trabalhadores do metrô, mas eles se recusaram a sair. A partir das 6h10, quando quiseram sair, já não era mais possível, porque estava decidido que todos seriam fichados", afirmou o major Robson Cabanas.

    A estação estava fechada durante a confusão que teve inclusive uso de bombas de efeito moral por parte da polícia.

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