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    Reunião com metroviários acaba sem acordo; categoria discute retomar greve

    ANDRÉ MONTEIRO
    CLAUDIA ROLLI
    FERNANDA PEREIRA NEVES
    DE SÃO PAULO

    11/06/2014 17h27

    Após terminar sem acordo a reunião entre metroviários e representantes do Metrô na tarde desta quarta-feira (11), o sindicato da categoria pediu que a empresa apresente os motivos de cada uma das demissões dos 42 funcionários envolvidos na greve da categoria.

    Segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho), 39 funcionários tiveram o contrato de trabalho encerrado e três, suspensos. Esses três casos são de integrantes da diretoria executiva do Sindicato dos Metroviários e, portanto, eles têm estabilidade garantida por lei.

    O Metrô informou, durante a reunião, que vai pedir a abertura de inquérito judicial para apurar falta grave dos três dirigentes –o que justificaria a demissão dos três dirigentes sindicais. "As demissões não basearam exclusivamente nos atos de greve, mas em razão da prática de infrações", segundo consta na ata da reunião com o MPT.

    "Propusemos ao Metrô que trouxesse, numa continuação de mediação, os documentos, as provas e defesas de cada caso das demissões. O Metrô disse que levaria a proposta à diretoria, mas não descartou", afirmou Egle Rezek, procuradora regional do Trabalho.

    Em reação, o Metrô informou que não tinha orientação para aceitar a proposta do Ministério Público, e reiterou as demissões.

    Na ata do encontro, a empresa informa que no acordo coletivo existe uma cláusula para propor recurso administrativo [sobre as demissões de sindicalistas] e que vai analisar cada caso "desde que os empregados apresentem recurso no prazo estabelecido (três dias)".

    O MPT afirmou que não analisou a legalidade das demissões na reunião desta quarta-feira, apenas tenta uma mediação entre empresa e funcionários. O encontro durou cerca de duas horas e, durante a reunião, os metroviários pediam para constar em ata que o Metrô se comprometeria a rever os demitidos, o que foi rejeitado pela empresa.

    Os metroviários fazem assembleia a partir das 18h30 desta quarta-feira, e o sindicato pretendia levar esse compromisso para evitar a retomada da greve a partir desta quinta-feira (12), data de abertura da Copa.

    A decisão de encerrar ou não a paralisação será feita na sede do sindicato em São Paulo.

    Sobre a falta de acordo na reunião, o presidente do sindicato, Altino Prazeres Júnior, disse que: "Isso mostra que as demissões foram políticas".

    "O governo quis dar uma demonstração de força para a sociedade e para os metroviários, mas as demissões têm nenhum motivo específico", completou.

    Antes de terminar o encontro, o sindicalista deixou o local e afirmou que a posição do sindicato era de manter a greve prevista para quinta-feira.

    "Nossa posição é fazer greve, mas vamos avaliar o sentimento da categoria", diz Prazeres Júnior.

    REAÇÃO

    Ao ser questionado sobre o fato de a Justiça do Trabalho aumentar de R$ 900 mil para R$ 3 milhões o valor do bloqueio de contas bancárias e de bens do sindicato, ele
    afirmou que "isso não muda a disposição da categoria".

    O sindicalista também disse que ainda não recebeu oficialmente o comunicado do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) sobre a elevação do valor bloqueado e reagiu ao fato: "Se tirar a casa [em alusão ao sindicato], a gente mora no barraco. Se tirar o barraco, a gente mora da rua. A gente vai continuar lutando. Não vai ser dinheiro que vai nos intimidar."

    O bloqueio de bens foi determinado pelo TRT para assegurar o pagamento de multas impostas ao sindicato dos metroviários após a greve ter sido julgada abusiva no último domingo (8) e pelo fato de a categoria não ter mantido 100% da frota operando nos horários de pico e 70% nos demais horários desde o início da paralisação.

    O valor inclui R$ 100 mil por dia de paralisação -foram quatro, no total- e R$ 500 mil por dia após o tribunal ter considerado a greve abusiva.

    Do sindicato dos engenheiros, também envolvido na paralisação, foram bloqueados R$ 400 mil -quantia referente aos quatro dias de greve.

    A Justiça definiu reajuste de 8,7%, mesmo percentual proposto pelo Metrô. Os metroviários pediam 12,2%. O último reajuste da categoria foi de 8% ante INPC de 7,2%, em 2013. O piso atual é de R$ 1.323,55.

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