• Poder

    Sunday, 05-May-2024 14:18:19 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Mesmo com demissões, metroviários descartam retorno de greve em SP

    DE SÃO PAULO

    11/06/2014 20h28

    Os metroviários rejeitaram, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira (11), a retomada da greve da categoria na capital paulista. A paralisação durou cinco dias, e foi suspensa na noite de segunda-feira (9). O grupo, porém, ameaçava retomar a greve caso funcionários demitidos não fossem readmitidos.

    A categoria teve uma reunião com representantes do Metrô durante a tarde desta quarta e pediu a readmissão dos 42 funcionários, mas o pedido foi rejeitado. Segundo o Metrô, esses trabalhadores se envolveram em ocorrências graves, como arrombamentos e agressões durante piquetes.

    "A categoria está de parabéns. Enfrentou um governo poderoso e parou a maior cidade da América Latina. Conseguimos reajustes importantes, mas paramos nos nossos próprios limites. E por isso, voltamos a trabalhar na segunda", afirmou Altino Prazeres Junior, presidente do sindicato dos metroviários.

    Ele defendeu, antes da votação, continuar com a luta pela readmissão dos 42 funcionários, mas sem paralisação. "Vamos lutar pela readmissão até o fim, e pagar para eles ficarem conosco. Vamos fazer uma campanha financeira com a categoria e com a população", afirmou.

    Paulo Pasin, um dos funcionários demitidos, afirmou que "não fazer greve não é recuo, mas ato de inteligência para fortalecer a luta e enfraquecer o governo Alckmin". Ele ainda completou afirmando que "manter a greve vai dividir e colocar trabalhador contra trabalhador".

    Fábio Gregório, também demitido durante a paralisação, defendeu o contrário. "Não podemos recuar dessa greve sem readmissão. (...) Nesse momento, eu quero meu emprego", afirmou ele.

    A votação pelo fim definitivo da greve foi feito com a contagem de mãos levantadas na sede do sindicato da categoria. Todos tiveram que erguer as mãos com os crachás para comprovar que são mesmo metroviários, já que representantes de outras categorias também participaram a assembleia.

    A votação foi quase unânime, com poucos trabalhadores se manifestando pela continuidade da greve.

    Mesmo sem a greve, a categoria decidiu fazer um ato na quinta-feira, saindo do sindicato, na região do Tatuapé, a partir das 10h, como forma de manter a pressão sobre o Metrô para que readmita os funcionários demitidos. O grupo deve seguir em passeata pela Radial Leste, mas não deve tentar se aproximar do estádio Itaquerão por conta de bloqueios que serão montados.

    "A única atividade prevista é fazer um protesto pelos 42 demitidos. Somos um sindicato organizado e queremos concentrar os esforços", afirmou Altino, que fez um pedido para que não haja qualquer tipo de confronto durante o ato.

    Os trabalhadores também decidiram não fazer horas-extras e vão usar coletes e adesivos em inglês e espanhol defendendo a readmissão dos funcionários demitidos. "Há chance sim de fazermos novas greves, inclusive durante a Copa", disse o presidente do sindicato.

    Ernesto Rodrigues/Folhapress
    Metroviários descartam retomada de greve da categoria na capital paulista na abertura da Copa do Mundo
    Metroviários descartam retomada de greve da categoria na capital paulista na abertura da Copa do Mundo

    ASSEMBLEIA

    A assembleia desta noite reuniu bem menos trabalhadores do que as anteriores, quando a greve ainda estava em andamento. O sindicato da categoria não estimou a quantidade de pessoas na assembleia, que em outros momentos chegou a reunir cerca de 3.000 pessoas.

    Outros movimentos, porém, marcaram presença e defenderam a causa dos metroviários. O sindicato afirmou que tem o apoio de 89 entidades, entre movimentos sociais, centrais sindicais, diretores estudantis e outros sindicatos. Na assembleia, estavam membros do MST (Movimentos dos Sem-Teto), motoristas de ônibus e outros.

    "Falavam que em 2014, o povo só ia querer saber da Copa. Mas os garis, os sem-teto, os metroviários mostraram que é momento de luta", afirmou um representante do MST durante a assembleia. "Também estamos na luta pela readmissão dos 42 demitidos, eles são nossos heróis", completou.

    O superintendente do Ministério do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, também discursou. Ele afirmou que não foi até lá para "incendiar", mas para "buscar alternativas, buscar solução". "Tentamos intermediar um encontro entre metroviários e o metrô. Mas não tenham ilusão. O Ministério está com os trabalhadores", acrescenta.

    "Acho que, pessoalmente, essa greve teve duas vitórias econômicas. Sem a greve não haveria a reestruturação da carreira de seguranças e da manutenção, que eram reivindicações históricas. Agora nos resta a reintegração dos 42 companheiros [funcionários do Metrô exonerados pelo governo do Estado na segunda-feira]", afirma Medeiros.

    A deputada Luiza Erundina (PSB) também esteve no local e afirmou que, se a categoria concordar, apresentará projeto de lei na Câmara conferindo anistia aos demitidos por causa da greve, devolvendo o emprego a eles.

    César Soto/Folhapress
    Metroviários demitidos durante a greve participam de assembleia da categoria; retomada da paralisação é descartada
    Metroviários demitidos durante a greve participam de assembleia; retomada da paralisação é descartada

    GREVE

    A greve dos metroviários teve início no dia 5 e durou até a noite da última segunda-feira (9). O encerramento ocorreu após o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgar a paralisação ilegal e aplicar multas de R$ 100 mil e depois de R$ 500 mil ao sindicato por não manter 100% da frota no horário de pico.

    O TRT, que já tinha determinado o bloqueio de contas bancárias e bens do sindicato, elevou o valor bloqueado de R$ 900 mil para R$ 3 milhões. O presidente do sindicato, porém, afirmou que "isso não muda a disposição da categoria".

    Durante os cinco dias de greve, apenas as linhas 4-amarela e 5-lilás operaram normalmente. As outras três funcionaram parcialmente devido ao deslocamento de outros funcionários, como supervisores. Com esse deslocamento de trabalhadores, houve casos de piquetes de grevistas para tentar impedir o trabalho.

    O reajuste dado à categoria foi de 8,7%, após determinação da Justiça. O percentual é o mesmo proposto pelo Metrô –os metroviários pediam 12,2%. O último reajuste da categoria foi de 8% ante INPC de 7,2%, em 2013. O piso atual é de R$ 1.323,55.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024