• Poder

    Monday, 29-Apr-2024 00:52:50 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Manifestantes saem às ruas das capitais contra a Copa do Mundo

    DE SÃO PAULO
    DO RIO
    DE PORTO ALEGRE
    DE FORTALEZA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BELO HORIZONTE

    12/06/2014 16h04

    Centenas de manifestantes saíram às ruas de algumas capitais brasileiras para protestar contra a Copa do Mundo nesta quinta-feira (12), dia de abertura do Mundial.

    Em Fortaleza, o protesto segue pacífico, enquanto Porto Alegre registrou atos de vandalismo, como ataques a agências bancárias e bancas de jornal. Em BH, a PM utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.

    Na capital paulista, um protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes na zona leste. O grupo tentou fechar via da região da Radial Leste, acesso ao estádio Itaquerão, onde ocorreu o jogo entre Brasil e Croácia, mas foi impedido pela polícia.

    Houve uso de bombas de efeito moral e balas de borracha, e ao menos seis pessoas ficaram feridas. Três estações do metrô também chegaram ser fechadas para o embarque por conta do protesto. Segundo o Metrô, a restrição nas operações das estações Carrão, Belém e Tatuapé aconteceram em diferentes momentos entre a manhã e a tarde, até a normalização por volta das 17h.

    No Rio, cerca de 100 manifestantes, dos quais sete com o rosto coberto, fecharam o trânsito, na rua Barata Ribeiro, próximo à estação de metrô Cardeal Arcoverde, em Copacabana, zona sul do Rio.

    Os manifestantes foram cercados por policiais militares, e um deles foi detido por desacato à autoridade. Do alto dos prédios, alguns moradores jogaram água e ovos e gritaram palavrões.

    SÃO PAULO

    O protesto em São Paulo começou por volta das 10h desta quinta na Radial Leste, na zona leste de São Paulo. Policiais militares tentaram impedir o bloqueia de vias, mas um grupo de "black blocs" insistiu na interdição, que levou ao confronto com a Tropa de Choque.

    A polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha, o que provocou correria. Os manifestantes dispersaram por um momento, mas novos confrontos ocorreram no início da tarde. Segundo a polícia, os manifestantes atiraram pedras contra os PMs, casas e carros que estavam estacionados na região.

    O shopping Metrô-Tatuapé chegou a fechar as portas, assim como as estações Carrão, Tatuapé e Belém do metrô, que tiveram o embarque restrito em algumas ocasiões –apenas o desembarque era permitido. Apenas por volta das 17h, a Radial Leste foi liberada pelos manifestantes e as estações do metrô tiveram o funcionamento normalizado.

    RIO DE JANEIRO

    A manifestação que começou pacífica, na manhã desta quinta (12), no centro do Rio, terminou com confronto entre PMs e manifestantes após três deles terem sido detidos e colocados em uma viatura.

    O protesto reuniu cerca de mil pessoas, segundo a Polícia Militar, entre servidores da Educação, ativistas e membros de partidos de esquerda. Eles caminharam da Candelária até a Lapa, ambas no centro do Rio, sem qualquer incidente, com gritos de protesto contra a Copa e carregando cartazes e bandeiras.

    A PM acompanhava com um efetivo de agentes e homens do Batalhão de Choque à distância, além de um helicóptero.

    Ao se concentrarem nos Arcos da Lapa, no entanto, após parte da multidão se dispersar, um tumulto se iniciou após os policiais deterem três manifestantes. As demais pessoas que viram a cena protestaram e cercaram os PMs, que reagiram com spray de pimenta.

    Os manifestantes, alguns deles mascarados, revidaram atirando vidros e pedras nos policiais.

    PORTO ALEGRE

    Na capital gaúcha, os manifestantes concentraram-se em frente à prefeitura ao meio-dia e seguiram em marcha pelo centro da cidade. O clima ficou tenso às 13h30, e alguns comerciantes decidiram baixar as portas.

    Pelo menos três agências bancárias tiveram a vidraça quebrada, o letreiro de um McDonald's foi depredado e placas alusivas à Copa foram alvejadas por mascarados.

    A porta de um prédio comercial da Oi também foi apedrejada, e manifestantes rasgaram a lona de duas bancas de jornal que continham publicidade da Copa.

    Houve coro com críticas à Fifa. A locutora de um carro de som leu um texto em apoio a greves do serviço público no Estado e sobre remoções de imóveis para obras ligadas ao Mundial.

    Militantes de partidos como PSTU e PSOL e membros de centrais sindicais e organizações do movimento estudantil engrossaram o ato.

    O protesto recebeu críticas de moradores, comerciantes e pedestres do centro de Porto Alegre. Os manifestantes xingaram uma moradora que apareceu na sacada de um prédio com a camisa da seleção brasileira.

    Por volta das 14h30, o grupo chegou ao largo Zumbi dos Palmares e parte se dispersou. Outros tentaram caminhar em direção à Fan Fest, festa da Fifa promovida às margens do rio Guaíba, mas foram impedidos pela polícia.

    Na avenida Borges de Medeiros, eles atearam fogo em dois contêineres de lixo da prefeitura e derrubaram placas de sinalização alusivas à Copa. O grupo também atirou pedras nos prédios do Tribunal de Justiça do Estado e do Instituto da Previdência do Estado.

    Segundo a polícia, havia ao menos 200 manifestantes na Borges de Medeiros, e cerca de cem policiais faziam a segurança no local.

    Por volta das 16h, policiais em fila com escudos, apoiados pela cavalaria, começaram a empurrar os manifestantes, que recuaram. Bombas de gás lacrimogêneo ajudaram na dispersão. Não houve confronto.

    Segundo a Brigada Militar, houve presos tanto na marcha como entre o grupo dissidente –a corporação não informou o número de detidos.

    BELO HORIZONTE

    Na capital mineira, cerca de 400 pessoas de diversos movimentos sociais se reuniram no começo da tarde na Praça 7, na região central, em protesto contra os gastos com o Mundial e para reivindicar direitos sociais básicos, com destaque para a moradia.

    O clima foi de tranquilidade, segundo a Polícia Militar, até por volta das 15h30. Na praça da Liberdade, onde está o relógio da Copa, manifestantes identificaram policiais infiltrados que estavam lançando rojões durante a caminhada.

    Meia hora depois, quando o protesto se aproximou do relógio, manifestantes ameaçaram queimar uma bandeira do Brasil. Nesse momento, a Tropa de Choque começou a lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os ativistas recuaram, ainda cantando gritos de protesto.

    A PM não informou se foram feitas prisões ou se há registro de feridos.

    O fotógrafo Sergio Moraes, da Reuters, foi atingido por uma pedra na cabeça durante o conflito. Ele sangrou muito e foi encaminhado a um hospital. Já o fotógrafo Élcio Paraíso foi atingido por uma bala de borracha da PM.

    "A nossa luta é pela moradia, contra a homofobia, pela cidadania. Queremos nossos direitos, queremos um lugar digno para morar", disse Juliana Alves, moradora da ocupação William Rosa, no início do protesto. A reivindicação pelo transporte público também está na pauta do protesto, que tem a participação do movimento Tarifa Zero BH.

    Desde cedo, a região central da cidade está sendo monitorada ostensivamente pela PM. Helicópteros da corporação sobrevoam a capital mineira, que recebe segurança também da Tropa de Choque.

    Muitos manifestantes foram revistados, assim como profissionais da imprensa. Um manifestante foi flagrado com um soco inglês e conduzido à delegacia por porte de arma branca.

    FORTALEZA

    Em Fortaleza, o protesto começou de manhã na avenida Beira Mar e foi até as proximidades da praia de Iracema, onde está montada a estrutura da Fan Fest. No final do ato, houve confronto com a polícia e correria. Manifestantes arrancaram lixeiras e jogaram pedras na polícia. Um adolescente foi detido.

    O movimento reuniu cerca de 200 trabalhadores, alguns com bandeiras de partidos e de movimentos sindicais. As principais palavras de ordem estavam relacionadas à organização da Copa do Mundo. "Dilma escuta, a Copa vai ter luta", seguido por "se o aumento não dar (sic) a Copa vai parar".

    Os operários da construção civil já estão com greve agendada para o dia 23 deste mês. Eles esperam um posicionamento das construtoras para reverter a paralisação. A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de 15% (foi oferecido 7,5%).

    O salário-base dos operários na capital cearense é atualmente um mínimo (R$ 724). De acordo com o sindicato, o reajuste ofertado pelas construtoras não compensa as perdas de 6% com a inflação desde o último aumento, em março do ano passado (pelo INPC acumulado).

    "Lutamos ainda pela implantação de um plano de saúde para a categoria, pois é uma profissão que exige muito esforço físico e danos à saúde", diz Laércio Santos, um dos líderes do sindicato dos operários de Fortaleza.

    NORTE E NORDESTE

    Protestos menores ocorreram ainda em capitais do Norte e Nordeste do país, como Alagoas, São Luís, Teresina, Belém e Maceió.

    Em Belém (PA), havia cerca de 200 manifestantes, e em Teresina, no Piauí, cerca de 50 pessoas. Sindicalistas e militantes políticos participaram do ato contra a Copa.

    Em São Luís, havia cerca de 200 pessoas de diversas categorias profissionais. Além da Copa, elas se manifestaram contra o reajuste de R$ 0,30 na tarifa de ônibus na capital do Maranhão.

    Em Maceió (AL), servidores federais participaram de carreata para pedir melhorias trabalhistas, com cerca de 50 veículos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024