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    Lula diz que xingamentos destinados a Dilma são 'cretinice'

    DANIEL CARVALHO
    DO RECIFE
    MARCELA BALBINO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RECIFE
    PATRÍCIA BRITTO
    DE SÃO PAULO

    13/06/2014 21h23

    Em um ato de desagravo à presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou uma rosa branca à petista, chamou de "cretinice" os xingamentos destinados a ela durante a abertura da Copa do Mundo e disse que o momento foi "a maior vergonha que o país já viveu".

    "Foi um ato de cretinice com o povo brasileiro que está cansado de ser pisado e escanteado", disse o petista na noite desta sexta (13), durante ato político do PT no Recife.

    Lula afirmou ainda que os xingamentos feitos por torcedores à presidente durante a cerimônia do Mundial foram incentivados pela imprensa. "Ela [imprensa] incentivou o tempo inteiro essa reação da sociedade", disse ele para uma plateia de 2.500 militantes petistas, ao lado de Dilma.

    O ex-presidente atribuiu os xingamentos direcionados a Dilma à "elite" brasileira, e disse que " educação a gente não aprende na universidade".

    "Dilma, você foi no estádio ontem. Você viu que no estádio não tinha ninguém com a cara de pobre, a não ser você?", disse. "Não tinha ninguém pelo menos moreninho. Era a parte bonita da sociedade", afirmou.

    "Eu duvido que um trabalhador neste país tivesse coragem de falar 1% dos palavrões que falaram ontem, que destilaram contra você."

    Pela manhã, no Distrito Federal, a presidente disse que não iria se "deixar perturbar por ofensas verbais".

    As vaias e os xingamentos a Dilma começaram na área VIP do estádio do Itaquerão, em São Paulo, e logo se espalharam por outros setores da arena. Torcedores gritaram "Ei, Dilma, vai tomar no c...".

    Lula aproveitou o discurso para elogiar as ações do governo federal na área de educação e citar números sobre formação de doutores em Pernambuco e no país.

    "Se tem uma coisa que me deixava muito puto da vida era que a gente chegava em São Paulo e os caras falavam: 'nordestino é bom, tá vendo aquele prédio, foi nordestino que fez. Aquela ponte é boa, foi nordestino que fez. Aquele esgoto, foi nordestino que fez.' Gente, nós somos pobres, mas nós temos orgulho, nós queremos progredir", disse.

    CAMPANHA

    Lula conclamou a militância petista a se preparar com "argumentos" contra o "preconceito" e disse ter percebido que esta será "uma campanha violenta", que a elite brasileira "está conseguindo despertar o ódio de classes".

    "Se a gente não tem argumento, e chega um cidadão no bar, a gente está tomando uma cerveja e ele faz uma provocação e a gente baixa a cabeça, não tem argumento, já perdemos. Então a nossa militância tem que estar afiada", disse.

    O petista disse que a ascensão das camadas mais pobres da população "incomoda alguns setores da sociedade". "Causa um certo desconforto a uma pessoa que estava acostumada a frequentar um restaurante mais chique sozinho e de repente ele entra no restaurante e vê que seu empregado está sentado do lado da mesa dele", afirmou.

    O encontro político do PT em Pernambuco se transformou em uma sequência de críticas e ataques aos pré-candidatos à Presidência Eduardo Campos (PSB-PE) e Aécio Neves (PSDB-MG), prováveis adversários de Dilma.

    As críticas a Campos e Aécio começaram antes mesmo dos discursos, com a apresentação de dois repentistas petistas.

    "Sei que o tucano voa e a pomba pode voar, mas mais alto que a estrela ninguém pode ficar", cantaram os artistas em alusão aos símbolos do PSDB e do PSB, respectivamente.

    A presidente do PT de Pernambuco, deputada estadual Teresa Leitão, focou no ex-governador. "Não podemos ter medo de olhos vibrantes", disse em referência a Eduardo Campos, que tem os olhos claros.

    O deputado federal João Paulo, pré-candidato do PT ao Senado, também fez menção à "ingratidão" de Campos ao se dirigir a Lula. "O senhor gosta muito do nosso ex-governador. Mas eu digo que ele nem gosta da gente nem gosta do senhor", afirmou o deputado.

    Lula poupou o ex-governador de Pernambuco, aliado até outubro do ano passado, quando o PSB entregou os cargos que tinha no governo federal. O pessebista também tem poupado Lula de críticas em suas falas.

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