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    No Judiciário, 84,5% dos juízes se dizem brancos e 1,4% pretos, diz CNJ

    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    16/06/2014 12h30

    Dados de um Censo realizado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revela que 84,5% dos juízes do Brasil se consideram brancos, 14% se dizem pardos, 1,4% pretos e 0,1% indígenas.

    Os números foram revelados na sessão do CNJ desta segunda-feira (16) e serão usados para subsidiar o debate sobre a necessidade de se implementar uma política de cotas para o ingresso na magistratura.

    Ao todos, foram ouvidos 10,7 mil dos 16,8 mil magistrados em atividade no país. A pesquisa foi realizada entre os dias 4 de novembro e 20 de dezembro de 2013.

    Após a sessão do CNJ, o ministro Joaquim Barbosa foi questionado sobre a implementação de uma política de cotas para o acesso de afrodescendentes na magistratura e afirmou que não estava nem aí. "Não sei e estou de saída. Es ist mir ganz egal [para mim, tanto faz, em tradução livre do alemão]. Não estou nem aí", disse.

    Além do indicativo racial, o Censo do Judiciário também revelou que 64% dos magistrados são do sexo masculino. Os homens ainda ocupam 82% das vagas dos tribunais superiores.

    Entre as mulheres, 30,2% dizem que já sofreram algum tipo de reação negativa por parte de outros profissionais do Judiciário pelo fato de pertencerem ao sexo feminino.

    O Censo também mostrou que 90,1% dos magistrados são associados a entidades classistas, 91,8% estão satisfeito com a escolha que fizeram de se tornar juízes e 72,5% acreditam que a adoção de metas de produtividade é algo positivo para a sociedade.

    Em relação a salário, 27,8% disseram estar está satisfeitos com sua remuneração. Além de juízes, o Censo ouviu 170,7 mil servidores do universo de 285,3 mil. Entre eles, 69,1% se dizem brancos, 24,7% pardos, 4,1% pretos e 1,9% amarelos.

    A maioria dos servidores (90,5%) está satisfeita com a escolha que fiz de trabalhar no Judiciário e pouco menos da metade (42,9%) está satisfeita com sua remuneração.

    UNIÃO

    Entre magistrados, 80% são casados ou vivem em união estável, sendo que 122 deles (1,1%) responderam que a união é com uma pessoa do mesmo sexo.

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    ENTENDA A CLASSIFICAÇÃO DE RAÇA OU COR DO IBGE

    Em suas pesquisas sobre características da população brasileira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) utiliza cinco categorias diferentes de raça ou cor -preta, parda, amarela, indígena e branca.

    Diversos membros e simpatizantes do movimento negro são resistentes ao uso da categoria "preta". O IBGE afirma que não tem atribuições antropológicas e definiu as categorias para simplificar suas pesquisas socioeconômicas.

    O órgão argumenta que, caso deixasse a opção de livre escolha ao entrevistado, apareceriam centenas de raças auto-declaradas. Dessa forma, ficaria inviável fazer recortes para cada uma das raças apontadas.

    O IBGE afirma que não cabe a ele enumerar as raças no país, mas que busca estar próximo a um consenso diante da diversidade étnica. Além disso, as categorias tendem a ser revistas nos próximos anos, diz o órgão.

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