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    Doleiro Youssef é sócio de hotel em Aparecida

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    20/06/2014 02h00

    O doleiro Alberto Youssef é o principal sócio de um hotel que fica a 600 metros do maior centro de peregrinação católica do país, o Santuário Nacional, em Aparecida, no interior paulista.

    O próprio santuário, entidade que administra a área, tem participação no hotel, construído em terreno da Igreja Católica.

    Youssef é dono de 70 dos 171 quartos do Web Hotel Aparecida, empreendimento três estrelas inaugurado em 2011. Já o Santuário Nacional tem 40 quartos, segundo documentos da Operação Lava Jato obtidos pela Folha.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Não há laudo da Polícia Federal sobre os bens do doleiro, mas dois corretores que atuam no mercado de imóveis de grande porte –caso do hotel– estimam que a parte do doleiro pode alcançar R$ 15 milhões. O valor inclui a marca do hotel, que também pertence ao doleiro.

    Youssef foi preso em 17 de março deste ano pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e é réu em ações penais sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões no período de quatro anos.

    O juiz federal Sergio Moro, do Paraná, que decretou a prisão do doleiro, escreveu em mais de uma decisão que o dinheiro que Youssef aplicou em empreendimentos legais tinha origem criminosa.

    Este é o princípio básico da lavagem de dinheiro, um dos crimes atribuídos ao doleiro pela Justiça: transformar recursos obtidos por meios ilegais em bens lícitos.

    A força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato conseguiu na Justiça fazer com que os valores das diárias dos quartos pertencentes ao doleiro sejam depositados em uma conta separada. Os preços das diárias variam de R$ 230 a R$ 330.

    Caso Youssef venha a ser condenado, os recursos depositados nessa conta e os 70 quartos devem ser sequestrados pela Justiça.

    NEGÓCIOS

    O investimento no hotel de Aparecida faz parte de uma linha de negócios do doleiro. Ele controla a rede Web, que tem hotéis em Salvador e Porto Seguro (BA), além de Aparecida. Youssef também tem participação no Blue Tree de Londrina (PR) e é dono de uma agência de turismo, a Marsans, que tem 18 lojas.

    Seis dos 132 apartamentos do Blue Tree de Londrina foram sequestrados pela Justiça em março, quando Youssef foi preso.

    Os bens do doleiro não estão registrados em seu nome, mas, sim, no de duas empresas controladas por ele: a GFD e a DGF, ambas da área de investimentos, de acordo com seus registros.

    Segundo acusação de procuradores aceita pela Justiça, as duas firmas estão em nome de laranja.

    OUTRO LADO

    O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que é completamente equivocada a interpretação de procuradores de que o hotel é resultado de lavagem de dinheiro.

    "Os hotéis do Alberto são investimentos lícitos. Vamos provar isso no curso do processo", afirma Basto.

    O Santuário Nacional não quis se pronunciar. Os advogados do Web Hotel também não se manifestaram.

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