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    Pasadena foi barata e abaixo do preço de mercado, diz Gabrielli na CPI

    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    25/06/2014 15h29

    Em depoimento na CPI mista da Petrobras nesta quarta-feira (25), o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli afirmou que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi "barata" e "abaixo do preço de mercado".

    "Nós compramos uma refinaria barata, abaixo do preço de mercado. [...] a Petrobras comprou também uma comercializadora de petróleo pesado", afirmou durante sua apresentação inicial, explicando que à época o refino americano vivia um momento de "ouro" no mercado internacional.

    Gabrielli defendeu a compra de Pasadena e classificou as avaliações negativas sobre a refinaria de "equivoco". O ex-presidente da Petrobras repetiu que o resumo preparado em 2006 por Nestor Cerveró, então diretor da área internacional, para o conselho de administração da estatal durante a aquisição da refinaria "não continha menção as cláusulas Put Option e Marlim".

    Responsáveis pelo prejuízo de US$ 530 milhões na compra da refinaria, a "Put Option" determinava –em caso de discordância entre a Petrobras e a sócia belga Astra Oil– à estatal a compra do restante das ações. A "Marlim" dava à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano.

    Em 2006, o Conselho de Administração da Petrobras, presidido à época por Dilma Rousseff, autorizou a compra dos primeiros 50% da refinaria de Pasadena. Somente em março deste ano a presidente Dilma criticou o resumo feito por Cerveró. Dilma definiu o relatório de "incompleto" por omitir justamente a existência das cláusulas "Put Option" e "Marlim".

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli durante depoimento na CPI mista
    Ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli durante depoimento na CPI mista

    Após um processo na Câmara Internacional de Arbitragem, a Petrobras teve que comprar em 2008 –obrigada por essas cláusulas– a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena tornou-se um mau negócio para o Brasil.

    Durante o depoimento, que começou com uma hora de atraso, o ex-presidente da Petrobras acusou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), de fazer "espetáculo" como deputado de oposição. A afirmação gerou um bate-boca que interrompeu rapidamente a sessão. "O senhor tem o direito de fazer o espetáculo que esta fazendo", disse Gabrielli.

    Bueno havia colocado sob suspeita a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa viagem a Escandinávia em 2008 para conversar com representantes da Astra Oil, antiga sócia da Petrobras em Pasadena. Gabrielli defendeu Lula afirmando que ele não estava na reunião. "Não é correto dizer isso", disse.

    AUDIÊNCIAS

    É a terceira vez que Gabrielli esteve no Congresso para explicar as denúncias de irregularidades na empresa. Em todas elas, manteve a postura de blindar o governo em relação às denuncias. À CPI do Senado no mês passado, Gabrielli afirmou que Dilma não poderia ser responsabilizada sozinha pela compra de Pasadena.

    Nesta quarta, Gabrielli disse também que não ocorreu nenhum crime ou ilegalidade no processo que culminou na compra de Pasadena. "Não há nenhum crime, nenhuma ilegalidade no processo decisório", afirmou respondendo questionamento do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), integrante da CPI mista da Petrobras.

    Esse é o segundo depoimento na CPI mista da Petrobras, com deputados e senadores. Ao contrário da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição, a comissão mista que ouve Gabrielli tem apoio de congressistas do DEM e PSDB.

    O primeiro depoimento da CPI mista da Petrobras foi marcado por bate-boca entre parlamentares da oposição e governistas, que tentaram blindar a presidente da estatal, Graça Foster, em oito horas de depoimento no dia 11 de junho.

    Editoria de Arte/Folhapress

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