Depois de fechar por quatro horas para pousos por causa da neblina, o aeroporto Santos Dumont ficou com a praça de alimentação do terminal de embarque lotada de torcedores que tiveram os voos cancelados ou atrasados. Alguns deles iam assistir a partida no Mineirão, mas perderam o voo.
O jogo entre Brasil e Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo, em Belo Horizonte, começou às 13h.
"Meu voo atrasou uma hora e meia, então não teve jeito. A melhor alternativa foi assistir aqui no aeroporto", disse Rodrigo Santos, 30, que veio de Brasília e decidiu não ir assistir à partida com amigos num bar no entorno do Maracanã
O médico Eric Gualberto, 36, ia encontrar o irmão em Belo Horizonte para assistir ao jogo no Mineirão, mas seu voo atrasou e ele não quis arriscar de viajar em cima da hora, já que o espaço aéreo da capital mineira estaria fechado a partir do meio-dia por conta do Mundial. A decolagem, que estava prevista para as 8h10 pela TAM, saiu apenas às 12h20.
"Poxa, você tem a oportunidade de ir para o estádio e agora tem que assistir pela TV, é inacreditável", lamentou Gualberto. Ele disse que a sorte foi ter deixado os ingressos com o irmão em BH, que conseguiu vender o dele minutos antes do jogo. O médico ainda tentava reembolso das passagens aéreas.
Com o carioca Diogo Chaves, 34, a situação foi ainda mais complicada. Ele ficou desolado com dois ingressos do jogo Brasil e Chile nas mãos, no terminal. Aborrecido, só disse que seu voo para BH foi cancelado pela Gol e não quis dar entrevista.
Cerca de 20 torcedores, no entanto, arriscaram e seguiram viagem em cima da hora. Eles partiriam para Belo Horizonte, às 10h17, mas o voo atrasou e eles só conseguiram viajar às 11h.
O aeroporto Santos Dumont ficou fechado das 6h às 10h para pousos e reabriu para decolagens às 8h49. Até as 13h, o Santos Dumont registrou atrasos em mais da metade dos 79 voos previstos –43 atrasaram e outros 19 haviam sido cancelados.
"Uma frustração. Chegamos aqui (aeroporto) quatro da manhã para tentar pegar outro voo, mais cedo. Só que o aeroporto ficou quatro horas fechado. Quando a gente comprou esse ingresso, essa passagem, a gente comprou um sonho. Não é só o valor financeiro", lamentou a nutricionista Lia Moreira, 32.
Por volta das 10h45, a torcedora aguardava o voo sentada no chão com a amiga, a empresária Andrea Henrique, 38, com os bilhetes do jogo do Brasil e Chile nas mãos, no pátio externo do terminal, em frente ao balcão da empresa aérea Azul.
Um grupo de seis americanos –torcedores do Brasil– também aguardava resposta da empresa Azul para a partida do voo 2581 para BH. "Estou desapontado. Não esperava passar por isso", disse o engenheiro americano Allan Figueiredo, 49.
Moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense, Rosemary Gonçalves da Silva, 50, planejou há um ano a viagem com a família para assistir pela primeira vez um jogo do Brasil. "Nossa, estou muito chateada. E a gente sabe que o espaço aéreo fecha meio-dia em BH, por causa do jogo. Não sei se vamos chegar a tempo", lamentou.
A torcedora disse que pagou R$ 110 por cada ingresso. Ela tentava viajar com três parentes.
Por volta das 10h50, houve tumulto em frente ao balcão da Azul, até que um funcionário avisou que haveria um voo imediato para BH, às 11h.
"Sou físico e pelos meus cálculos não vai dar tempo", dizia Wanderson Peres, 22, enquanto caminhava às pressas com os outros passageiros para o setor de embarque. Segundo a Infraero, estatal que administra o aeroporto, a previsão era de que a aeronave da Azul chegasse somente às 13h12 em BH.
A Folha tentou contato com os passageiros no intervalo do jogo para saber se eles conseguiram chegar a tempo no Mineirão, mas eles não atenderam aos telefonemas.
A Azul informou que "prestou auxílio aos passageiros" afetados pela atraso do o voo 2581. Por causa das condições meteorológicas, o voo que partiu do aeroporto Santos Dumont com destino ao aeroporto de Confins sofreu um atraso de aproximadamente 40 minutos.
A forte neblina que cobriu o Rio neste sábado causou o fechamento do aeroporto Santos Dumont para pousos e decolagens em boa parte da manhã e fez com que 22 dos 47 voos previstos até às 10h atrasassem –outros 14 foram cancelados, mas não necessariamente por causa das condições climáticas.
Por volta das 9h, o aeroporto foi aberto para decolagens, mas não para pousos –com isso, todos os voos cujos aviões já estavam no Rio puderam partir. Às 10h30 o aeroporto foi reaberto para pousos, mas cerca de 15 minutos depois voltou a ser fechado. Dezessete voos continuavam atrasados, incluindo três que sairiam para Belo Horizonte, onde acontece o jogo entre Brasil e Chile, às 13h –o espaço aéreo da capital mineira será fechado uma hora antes do início da partida, por motivos de segurança.
NEBLINA
A neblina tem sido a pedra no sapato de aeroportos e dos passageiros no Mundial. Porto Alegre, Curitiba, Santos Dumont e Guarulhos são os que mais sofrem com o fenômeno, que fecha aeroportos, atrasa voos e é característico de junho e julho.
Nem todos têm tecnologia suficiente para permitir pousos e decolagens em condições de visibilidade baixa. No Santos Dumont, os morros e a baía impedem a instalação de equipamentos de auxílio ao pouso.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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