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    Dirceu começa a trabalhar hoje em escritório de amigo

    ANDRÉIA SADI
    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    03/07/2014 02h00

    Um tradicional escritório de advocacia de Brasília se preparou para receber nesta quinta (3) José Dirceu, preso desde novembro do ano passado, depois de ter sido condenado no processo do mensalão.

    Das 9h às 18h, o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula vai ajudar a organizar documentos e livros e a fazer serviços administrativos.

    Ele deve trabalhar ao lado de outras duas auxiliares, segundo o advogado José Gerardo Grossi, dono do escritório e amigo de Dirceu. O salário combinado é de R$ 2.100.

    Nesta quarta (2), Dirceu foi transferido do Complexo Penitenciário da Papuda, na capital federal, para o CPP (Centro de Progressão Penitenciária), presídio destinado a presos do regime semiaberto.

    O ex-ministro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa.

    Sergio Lima/Folhapress
    Advogado José Gerardo Grossi na sala que Dirceu ocupará em seu escritório a partir de hoje
    Advogado José Gerardo Grossi na sala que Dirceu ocupará em seu escritório a partir de hoje

    Ainda foram levados nesta quarta ao CPP o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os ex-deputados Valdemar Costa Neto e Carlos Rodrigues, condenados no mensalão que trabalharão fora da cadeia.

    A Folha visitou nesta quarta o novo local de trabalho de Dirceu. Em um ambiente ao lado da sala de Grossi, o ex-ministro terá uma mesa com telefone, computador e fax.

    A ideia, segundo Grossi, é que Dirceu ajude a catalogar livros da biblioteca do escritório e a organizar processos.

    "Tudo que for trabalho administrativo, vou dar para ele fazer", disse Grossi. Questionado se acredita que Dirceu irá se acostumar ao novo emprego, respondeu, em tom de brincadeira: "Se não trabalhar, eu demito!".

    Em um dos espaços que o ex-ministro ajudará a organizar há caixas de documentos e processos de clientes do escritório. "Não posso jogar nada fora. Depois o cliente pede um arquivo e como vou fazer?", disse Grossi.

    Ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e amigo de integrantes do Supremo Tribunal Federal, Grossi é um dos advogados mais conhecidos da capital.

    Ele e Dirceu se conheceram há mais de 20 anos, na CPI do Orçamento no Congresso, onde ele atuava como advogado e Dirceu era deputado federal. "Não devo nenhum favor ao Zé, ele é meu amigo."

    Dirceu não deverá receber visitas no local neste primeiro momento. "Em princípio, não. Depois, vamos ver o que a juíza fala, serei muito cumpridor", afirmou o advogado.

    Grossi disse que visitou Dirceu na cadeia assim que ele foi preso e que colocou o escritório à sua disposição.

    No governo do ex-presidente Lula, que também é seu cliente, Grossi disse que nunca encontrava-se com Dirceu no Palácio do Planalto, mas em eventos casuais para jantar fora e confraternizar.

    Sobre a ação penal do mensalão, argumentou que, para opinar a respeito, precisaria conhecer o processo. "Eu só li a denúncia", acrescentou.

    À época em que o escândalo veio a público, ele disse ter sido procurado por petistas que viraram réus. No entanto, como era ministro substituto do TSE, achou que não era ''eticamente correto" entrar no caso, mesmo não havendo impedimento legal.

    O pedido de trabalho externo de Dirceu se arrasta desde o ano passado. Primeiramente, ele tentou obter autorização para trabalhar num hotel de Brasília. Lá, seria gerente e receberia R$ 20 mil por mês.

    Dúvidas sobre o verdadeiro proprietário do hotel surgiram após a revelação de que a empresa que comandava o negócio era sediada no Panamá e tinha como presidente um auxiliar de escritório que residia num bairro pobre.
    Dirceu desistiu da proposta e foi convidado por Grossi. A princípio, o pedido foi negado pelo então presidente do STF, Joaquim Barbosa.

    Na semana passada, os ministros derrubaram a decisão de Barbosa e autorizaram o trabalho de Dirceu.

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