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    Dirceu chegou em 'clima de excitação', diz chefe do ex-ministro

    MATHEUS LEITÃO
    DE BRASÍLIA

    03/07/2014 11h25

    Empregador de José Dirceu, o advogado José Gerardo Grossi afirmou nesta quinta-feira (3) que o ex-ministro chegou em "clima de excitação" para o primeiro dia de trabalho, após ser condenado no julgamento do mensalão do PT.

    "É uma coisa natural, excitação de uma pessoa tanto tempo presa e [que] se vê livre. Você já abriu porta de gaiola de passarinho? Ele sai, canta, roda", disse Grossi. Dizendo-se barrigudo, o advogado afirmou estar com "inveja de [Dirceu]" por ele estar mais magro.

    Grossi afirmou que os dois tomaram café, conversaram "abobrinhas" e Dirceu pediu uma "vitamina" em um restaurante próximo para ser entregue no escritório. Perguntado se ele havia chegado muito cedo, disse que "estava bom para o primeiro dia".

    O ex-ministro chegou por volta das 7h55, esperou por cerca de cinco minutos no carro e, depois, entrou no prédio. O petista trabalhará das 9h às 18h.

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    Gravação do repórter MATHEUS LEITÃO

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    Sobre o trabalho a ser realizado no escritório, o advogado afirmou que há uma diferença entre o que "o empregador pretende" e o que o empregado entrega. "É natural. Eu espero que não haja uma greve", brincou.

    Grossi afirmou a jornalistas que "pediu encarecidamente que [Dirceu] não fizesse" ligações. "As ligações são centralizadas na secretária. Tudo é anotado", disse, comentando que ele poderá receber visitas de familiares.

    Segundo o advogado, Dirceu afirmou que "não tem o que recriminar no sistema penitenciário de Brasília". Grossi comentou também que amanhã – dia do jogo do Brasil contra Colômbia pela Copa do Mundo – não haverá expediente no escritório. "Ele terá de ver o jogo na prisão", disse.

    SALÁRIO

    Ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, Dirceu vai ajudar, das 9h às 18h, a organizar documentos e livros e a fazer serviços administrativos no escritório de Grossi. Ele deve trabalhar ao lado de outras duas auxiliares. O salário combinado é de R$ 2.100.

    Nesta quarta (2), Dirceu foi transferido do Complexo Penitenciário da Papuda, na capital federal, para o CPP (Centro de Progressão Penitenciária), após decisão da juíza Leila Cury, do TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal). O CPP é um presídio destinado a presos com direito ao trabalho externo.

    Dirceu estava preso na Papuda desde novembro do ano passado. O ex-ministro cumpre pena de 7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa no processo do mensalão do PT, mas tem direito a cumprir a pena no regime semiaberto.

    O Código Penal estabelece que o semiaberto é destinado a presos não reincidentes condenados a mais de quatro anos de prisão e menos de oito anos

    HISTÓRICO

    O pedido de trabalho externo de Dirceu se arrasta desde o ano passado. Primeiramente ele tentou obter autorização para trabalhar num hotel de Brasília. Lá, seria gerente e receberia salário de R$ 20 mil.

    Dúvidas sobre o verdadeiro proprietário do hotel surgiram após a revelação de que a empresa que comandava o estabelecimento era sediada no Panamá e tinha como presidente um auxiliar de escritório que residia num bairro pobre da cidade.

    Devido a isso, Dirceu desistiu da proposta e obteve uma nova, para trabalhar no escritório de advocacia do José Gerardo Grossi, em Brasília, com salário de R$ 2,1 mil. Primeiramente, o pedido foi negado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa. Todavia, na semana passada foi autorizado pela maioria da corte.

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    AS REGRAS DO TRABALHO EXTERNO

    Afazeres As atividades de trabalho realizadas pelo detento ficam sob responsabilidade direta do empregador

    Controle de frequência Cabe ao empregador encaminhar todo mês ao presídio cópia da folha de ponto do detento

    Trajeto O deslocamento entre o presídio e o local de trabalho fica a cargo do detento, que pode usar o transporte público ou veículo particular

    Pode
    - Deixar o local de trabalho para almoçar fora, desde que não se distancie mais de cem metros
    - Sair a cada 15 dias para passar o fim de semana com familiares

    Não pode
    - Deixar o local de trabalho para fazer as refeições na casa de familiares
    - Parar em algum outro lugar na ida ou na volta do trabalho sem autorização judicial ou do presídio

    O que não está definido
    As normas não dizem se o condenado pode receber parentes ou amigos no ambiente de trabalho, nem se pode fazer telefonemas. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal afirma que exceções dependem de entendimento do juiz

    Fontes: TJDFT, Lei de Execução Penal e CPP

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