Ao participar de ato político do PT em Curitiba na noite desta quinta (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de não permitir a apuração de escândalos de corrupção e de escondê-los debaixo de um "tapetão".
"A diferença entre nós e eles é que neste país tinha um tapetão do tamanho do mundo onde toda a sujeira era jogada embaixo e nenhuma era apurada. No nosso governo, nós tiramos o tapete da sala e se alguém errar vai ter que ser apurado", disse o petista.
Como exemplos de corrupção no governo FHC (1995-2002), Lula citou a compra de votos de parlamentares para aprovação da emenda da reeleição, revelada pela Folha, e as suspeitas no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
"Eles engavetaram o caso Sivam, o caso da pasta cor-de-rosa", disse o petista. "Além disso, eles nomearam um procurador-geral da República que saiu conhecido pelo nome de 'engavetador-geral' da República, porque não encaminhou nenhum processo", completou.
Lula afirmou ainda que seu governo criou mais instrumentos de combate à corrupção que seus antecessores e citou decreto de 1995 que extinguiu uma comissão de investigação criada no governo de Itamar Franco para apurar desvios na administração pública.
As declarações foram dadas no evento que deu o pontapé inicial à candidatura da senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná.
O caso Sivam foi o primeiro escândalo de corrupção no governo FHC, em 1995. Na ocasião, gravações feitas pela Polícia Federal revelaram suspeita de tráfico de influência em um contrato para a criação do Sistema de Vigilância da Amazônia.
Já a "pasta cor-de-rosa" é uma lista de doações de campanha do Banco Econômico, referente às eleições de 1990, na qual constavam nomes de políticos baianos. Na época as empresas não podiam fazer doações a candidatos, entre os quais estava ACM. A pasta foi encontrada após a intervenção no Banco Econômica, em agosto de 1995.
'CHOQUE DE GESTÃO'
Na plenária do PT nesta quinta-feira, Lula criticou o chamado "choque de gestão", uma das bandeiras do PSDB, partido do governador do Paraná e candidato à reeleição, Beto Richa.
"O principal adversário teu, o atual governo, o partido dele só conhece uma palavra, choque de gestão [sic]. [...] O choque será dado no salário do povo. Será dado no desemprego, porque tudo pra eles se resume em mandar trabalhador embora e reduzir salários", criticou.
Lula ainda rebateu as críticas à política econômica do governo Dilma, defendeu a valorização do salário mínimo e a criação de empregos e afirmou que a inflação está dentro da meta.
"Eles acham que para controlar a inflação, tem que ter desemprego, para controlar a inflação não tem que ter aumento de salário. E nós estamos provando há 12 anos que é possível você manter a inflação dentro da meta e ao mesmo tempo você gerar empregos e aumentar o salário neste país", afirmou.
CAMPANHA DO ÓDIO
O ex-presidente voltou a afirmar que a campanha eleitoral deste ano será marcada pelo ódio dos adversários políticos do PT: "Se em 2002 a esperança teve que vencer o medo, hoje a esperança tem que vencer o ódio, porque é o ódio que está estabelecido no discurso dos adversários", disse Lula.
O petista também defendeu novamente as políticas sociais de seu governo e da presidente Dilma, como a criação de universidades federais, e disse que os 12 anos de gestão petista no governo federal fizeram mais que nos cem anos que os antecederam.
"Precisou apenas 12 anos para a gente fazer tudo que eles fizeram num século. Isso magoa eles", disse.
COPA DO MUNDO
Outro assunto já tratado por Lula em eventos anteriores foi a Copa do Mundo no Brasil. Ele rebateu as críticas à realização do torneio no Brasil.
"Essa conquista da Copa do Mundo, que aconteceu há quase cinco anos, virou um pesadelo porque algumas pessoas se acharam no direito de dizer que a Copa não ia acontecer porque alguns não iam querer, e outras porque as obras não iam ficar prontas", disse.
Ele afirmou que, apesar disso, o país está realizando "uma das melhores Copas do Mundo" e que "tudo está funcionamento perfeitamente". "Para a desgraça deles, o Brasil ainda vai ser campeão do mundo no dia 13."
Ele não mencionou o acidente do viaduto de Belo Horizonte que desabou na tarde desta quinta-feira (3), deixando dois mortos e 22 feridos. A obra integra uma das linhas do BRT (via rápida de ônibus) criadas para a Copa, e é financiada pelo governo federal, por meio do PAC da Copa.
Antes, a presidente Dilma Rousseff, também presente no evento de Curitiba, havia dedicado um minuto de silêncio às vítimas do acidente na capital mineira.
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