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    Velório de motorista morta em BH é marcado por perplexidade e revolta

    PAULO PEIXOTO
    DE BELO HORIZONTE
    LILIANE PELEGRINI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BELO HORIZONTE

    04/07/2014 12h51

    Perplexidade e revolta tomam conta do velório da motorista Hanna Cristina Santos, 24, morta no desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, em Belo Horizonte. O corpo chegou ao cemitério Bosque da Esperança às 9h20 e será velado até as 17h, quando será enterrado.

    Hanna era motorista do ônibus da linha suplementar que ficou sob os escombros.

    A única filha de Hanna, Ana Clara, de cinco anos, soube da morte da mãe na manhã desta sexta (4), um dia após o acidente. Foi uma psicóloga quem deu a notícia à menina.

    No velório, a garota preferiu não ver o corpo da mãe e teve o desejo atendido pela família. "Ela está aérea, sabe que a mãe morreu, mas não tem ainda noção do que é isso", contou Tereza Cristina Santos, tia de Hanna.

    "Nossa revolta é muito grande. Isso não é um acidente que acontece", afirmou ela, em referência à fala do prefeito Marcio Lacerda (PSB), na terça, durante entrevista no local do desabamento.

    "O prefeito ligou querendo vir ao velório. Mas nós não queremos a presença dele. Queremos é justiça. Isso não pode ficar assim", disse Tereza Cristina.

    Segundo ela, ninguém da construtora Cowan, responsável pelas obras do viaduto, entrou em contato com a família. Em nota, a construtora afirmou que está prestando socorro às vítimas.

    Hanna era motorista de ônibus havia três anos. O veículo que integra a linha suplementar e foi esmagado no acidente era de propriedade dos pais dela. O pai é motorista, e Hanna dividia o expediente com o irmão, Tiago Carlos Santos.

    "Nós sempre tivemos o sonho de seguir os passos do nosso pai. Hanna era uma ótima motorista, tranquila, todos gostavam dela", disse Tiago.

    Segundo ele, Hanna estava no começo do turno. "Eu trabalho de manhã e ela, à tarde. Ela tinha pegado o ônibus às 14h20. Quando ouvi a notícia do desabamento, não imaginei que era ela ali. Poderia ter sido comigo, com qualquer outro motorista. Perdi minha irmã. Quem é responsável por isso tem que pagar", afirmou.

    Tiago conta que a irmã era uma moça alegre e bonita, muito ligada à família e amorosa com a filha e os sobrinhos. Hanna deixa também uma irmã.

    O plano da motorista para esta sexta era ver o jogo do Brasil na Fan Fest da capital mineira, assistindo ao show do pagodeiro Thiaguinho, de quem era fã. "Ela tinha uma vida inteira pela frente e agora estamos aqui sem ela", disse.

    A Prefeitura de Belo Horizonte decretou luto de três dias na cidade e cancelou a Fan Fest, assim como outros festejos relacionados à Copa do Mundo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    ACIDENTE

    O viaduto desabou por volta das 15h e atingiu quatro veículos que passavam pela avenida Pedro 1º.

    A obra da prefeitura integrava uma das linhas do BRT (via rápida de ônibus) criadas para a Copa, e foi financiada pelo governo federal, por meio do PAC da Copa.

    Não se sabe ainda as causas do desabamento de boa parte da estrutura do viaduto. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) afirmou que "certamente" houve um erro. "Não sabemos se é falha de projeto ou de construção. Serão feitas todas as perícias, um inquérito policial será aberto e essa análise será feita com cuidado", disse na quinta.

    Procurada pela reportagem, a construtora Cowan, responsável pela obra, afirmou que "lamenta profundamente". "Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações", disse em nota.

    A presidente Dilma Rousseff lamentou o ocorrido e disse, após o acidente, que "coloca à disposição da prefeitura e das autoridades de Belo Horizonte no que for necessário". "Neste momento de dor, presto minha solidariedade às famílias das vítimas", afirmou.

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