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    Análise: O inominável ocorrido cai como uma bomba no colo dos políticos

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    09/07/2014 02h00

    O inominável ocorrido em Belo Horizonte caiu como uma bomba no colo dos políticos que, mesmo a uma semana do fim do torneio, ainda ensaiavam como lidar com a Copa em casa em pleno ano de eleição presidencial.

    Não por acaso houve a submersão dos candidatos, denunciada por algumas bolhas, como as emitidas no Twitter por Dilma Rousseff.

    O governo federal, como anfitrião e hospedeiro de um evento privado, naturalmente é o que mais tem a perder com o desastre do Mineirão.

    Se é verdade que desempenho em Copa nunca afetou resultado de eleição, Fernando Henrique Cardoso sob o baile tomado na França em 1998 que o diga, também é igualmente correto pensar que nunca fomos tão humilhados –e, ainda mais inédito, em solo pátrio.

    De forma mais ampla, claro que 2014 não é 1950, ainda que esportivamente a tragédia hoje seja maior. Há 64 anos vivia-se uma era mais inocente, em que a formação do caráter nacional cabia mais nos moldes da "pátria de chuteiras".

    Ao longo do jogo, o simulacro de identidade que vemos em ebulição nas redes sociais já estava em modo de deboche –com piadas como o "É hexa" celebrado no sexto gol teutônico. Não é mais imaginável uma tragédia nos moldes do Maracanazo, embora não se saiba a extensão do mau humor nacional.

    A desgraça para os estrategistas de Dilma é que o tempo é curtíssimo para apoiar-se em pesquisas até a entrega da taça no domingo.

    O oba-oba que a presidente havia abraçado, colocando no mesmo saco quem criticava superfaturamento de estádios e os que duvidavam da capacidade da seleção, tende a ser engavetado.

    Uma defesa sóbria do evento, a torcida para que nada de errado aconteça fora dos estádios até domingo e a esperança de que o azedume seja dissipado na velocidade de um comentário de Facebook é um roteiro conservador que pode ser esperado.

    Para a oposição, o abacaxi é um pouco menor. Sem saber se abraçavam ou não o evento, transitando entre críticas leves aos problemas e tímidas comemorações esportivas, Aécio Neves e Eduardo Campos agora tendem a lamentar o ocorrido, se fazer de mortos e esperar para ver a evolução do eleitorado.

    Ao fim, a Copa trazida no auge da euforia da era Lula tornou-se um grande passivo para os políticos.

    Em 2013, a dicotomia título na Copa das Confederações/erupção das ruas pegou governo e oposição de surpresa. Um ano depois, a debacle em campo ainda espera a resposta fora dele, para o pasmo da mesma classe política.

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